¨Sucesso é louvar tudo o que você recebe.
¨Sucesso é estar aberto para a vida, estar aberto para o destino e louvar tudo de braços abertos. É valorizar o que estamos vivendo no momento¨.
¨Sucesso é receber os bons momentos e os momentos de dificuldade com alegria e consciência do grande desafio que a vida nos dá, porque estamos aqui para aprender e evoluir¨.
Ingra Lyberato
A atriz Ingra Lyberato iniciou a sua carreira profissional nos anos 90 e logo chamou a atenção de todos pelo seu talento, carisma e charme.
Ingra esbanja simpatia e está muito animada com o lançamento do seu livro, uma autobiografia que traz detalhes de sua trajetória.
Estudou dança contemporânea na UFBA, mas deixou o curso para se dedicar à carreira de atriz. Em 1989, no Rio, foi selecionada para participar de uma oficina teatral na Globo, com Carlos Gregório, Denise Bandeira e Beto Silveira e logo veio o convite do diretor Luiz Fernando Carvalho para a novela Tieta.
Com sucesso em Tieta, foi chamada por Jayme Monjardim para a novela Pantanal, grande fenômeno da TV nos anos 90, na TV Manchete.
Outro trabalho de sucesso que lhe rendeu a protagonista da novela seguinte da emissora carioca, A História de Ana Raio e Zé Trovão, mais um grande marco dos anos 1990. Ingra e Monjardim, casados na época, foram os idealizadores da trama.
Ingra chamou tanto a atenção do público que se transformou em musa e os bons frutos profissionais não pararam: mais novelas A Indomada e O Clone, na Globo, só para citar algumas.
O cinema também faz parte de seu currículo. Pelo belo filme Dois Córregos, de Carlos Reichenbach, recebeu prêmios nacionais e internacionais.
O sucesso traz alegrias, mas também traz consigo cobranças e responsabilidades. Ingra teve receio do sucesso numa época em que muitos almejavam a fama a qualquer preço.
Deixou a carreira promissora no Rio e morou onze anos no Rio Grande do Sul, onde teve um filho com o seu segundo marido, Guilherme, e após a separação voltou para o Rio.
Ingra fala no seu livro - O MEDO DO SUCESSO: A VIDA NOS PALCOS, NO CINEMA E NA TELEVISAO - da vida pessoal e profissional e o medo do sucesso, como o próprio título sugere, permeia a sua história: a história de uma atriz que chegou aos 50 anos com uma jovialidade impressionante e que se expõe de uma maneira corajosa e com o objetivo de fazer com que as pessoas, ao lerem o seu depoimento, não deixem de realizar os seus sonhos por medo algum.
O livro já foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre e agora haverá noite de autógrafos no Rio de Janeiro, no dia 6 de dezembro.
Ingra também fará uma noite de autógrafos em Salvador, no dia 18 de janeiro de 2017, na Livraria Cultura (Salvador Shopping. Avenida Tancredo Neves, 2.915 - Piso 2. Caminho das Árvores).
No momento, Ingra está na série Perrengue, da MTV. Ela faz a mãe da protagonista Pérola (Mariana Molina). É primeira série de ficção do canal de TV e fala sobre a transição da adolescência para a fase adulta. O roteiro da série é de Ademir Leuzinger, com direção de Tatiane de Lamare.
ENTREVISTA:
Nanda Rovere - Fale sobre a vontade de escrever o livro. Escrever sempre foi uma paixão?
Ingra Lyberato - Ganhei um concurso literário aos 18 anos de idade e sempre escrevi muito, mas eu sempre tive muito medo de assumir esse dom. Nas pesquisas de fotos que eu fiz para o meu livro, encontrei cartas de quando eu fui para o Rio de Janeiro. Nelas, eu conto um episódio referente a uma série que eu estava escrevendo para a TV. Isso aos 21 anos de idade e na época as pessoas elogiaram muito o que eu escrevi. Também assinei textos sobre cavalos para uma revista e em muitos ensaios fotográficos que eu fiz os textos eram meus.
Há um ano, eu senti vontade de escrever alguma coisa mais extensa e assumir o meu gosto pela escrita. Isso aconteceu após uma conversa com uma xamã, quando conversamos sobre os meus trabalhos e ela disse que eu sempre tive medo do sucesso porque a minha trajetória é cheia de altos e baixos, fazia muito sucesso e logo depois eu desapareçia de cena. Como uma fuga.
Quando esse xamã disse que eu tenho medo do sucesso, fiquei alguns dias pensando sobre aquele diagnóstico, cheguei à conclusão de que ela estava certa e decidi escrever um livro falando sobre a minha carreira e sobre esse medo.
NR - E o processo de escrita?
IL - Foi muito difícil a exposição, mas decidi que já que iria falar sobre os meus medos e limites, eu abriria o jogo, numa exposição para fazer com que as pessoas reflitam sobre si e tenham algum aprendizado. Tive que parar para respirar porque conto no livro episódios muito íntimos.
O livro fala da minha chegada ao Rio de Janeiro, aos 20 anos, como tudo começou, como comecei a fazer televisão e teatro, já que desde então eu só tinha experiência na área de dança. Cito todas as pessoas que passaram pela minha vida, mas não falo da intimidade de ninguém. Foi muito curativo ter falado sobre isso porque no momento que eu mergulhei nesse desafio eu comecei a jogar luz nesse problema.
Nunca fiz terapia, mas observo as minhas atitudes, e nunca tinha investigado esse medo. No início do livro, eu peço licença aos jornalistas por estar me autoanalisando, para publicar esse auto estudo.
O medo do sucesso fala justamente do medo da responsabilidade de estar ocupando um lugar de destaque. É você estar num lugar que você conquistou através de um percurso difícil e no lugar de agradecer e honrar esse presente da vida, você foge, não por humildade, mas por arrogância. Não podemos recuar, porque recebemos esse presente por merecimento. A verdadeira humildade é honrar esse lugar de destaque. Fui chegando a essa conclusão enquanto escrevia o livro.
NR - Quanto tempo você demorou para escrever?
IL - Eu não planejo as coisas que faço, as coisas acontecem, e esse livro é um exemplo disso. Comecei a escrever em junho e em agosto o livro estava pronto. Foi como se eu tivesse psicografando, como se ele estivesse pronto dentro de mim.
NR - O que mudou na sua vida após terminar o livro? O que é sucesso?
IL - Eu continuo não planejando muito a minha vida, mas qualquer coisa que eu venha a receber da vida, seja ela grandiosa ou não, eu tenho consciência que é bom honrar esse presente.
Teve momentos da minha carreira em que eu estava na novela das nove e em todas as capas de revista, mas não estava feliz.
Sucesso é estar aberto para a vida, estar aberto para o destino e louvar tudo de braços abertos. Não interessa se é uma amizade, se é uma novela das nove. É valorizar um trabalho, um almoço, o que estamos vivendo no momento.
No final do livro, eu redefino o que é o sucesso: é receber os bons momentos e os momentos de dificuldade com alegria e consciência do grande desafio que a vida nos dá, porque estamos aqui para aprender e evoluir.
Foi uma alegria ter essa consciência do que é o sucesso realmente e tudo sem culpa, sem arrependimento e saber que o melhor que eu posso dar para o mundo é o meu amor, viver plenamente o agora.
NR - É admirável a sua coragem em se expor... de mostrar que a carreira e a vida de uma atriz não é só feito de glamour, num momento em que muitas pessoas valorizam o sucesso a qualquer preço...
IL - Mostro que a vida não tem só glamour e que ela também é feita de desafios porque vivemos numa moda em que as pessoas fingem que tudo é lindo e maravilhoso.
Sabemos que não é assim, que temos que transcender as dificuldades, principalmente nesse mundo cheio de glamour do ator de televisão e cinema, que é maquiado e ilusório. Por trás de tudo isso existe muita insegurança, inveja, ciúme... existe muito medo! Temos que entender que estamos todos juntos e que não podemos perder o amor pelo próximo e pelo mundo.
Foi muito libertador falar a verdade e ela tem uma força muito grande.
NR - Você chegou a pesquisar sobre o medo enquanto escrevia o seu livro, chegou a falar com especialistas?
IL - Sim, pesquisei. Cheguei a falar com o Flávio Gikovate um mês antes dele falecer e ele tem livros escritos sobre isso.
Também li um texto do Paulo Coelho sobre isso, em que ele contava um episódio que aconteceu com ele.
Vi que poucas pessoas falam sobre esse problema, mas percebi que muita gente sofre com isso em algum momento; uma culpa cristã de dar certo, de ser feliz.
NR - Você fez sucesso nas novelas (Ana Raio, Pantanal, A indomada, teatro e TV...). O que você fala dessa época?...
IL - No livro, eu falo muito dos bastidores na TV naquela época. Um momento revolucionário que a Manchete ¨bombou¨ e a Globo teve que se mexer pra não ficar para trás. E conto de toda a minha experiência, do sucesso de Pantanal, da Ana Raio. Falo também de como eu entrei na TV (a primeira novela que eu fiz foi Tieta, na Globo) e foi por isso que tive que falar da minha vida pessoal, porque o meu primeiro marido era diretor na Manchete. Falei também do meu segundo marido, porque vivi com ele no Sul, quando abandonei tudo e fui morar lá.
A Indomada foi muito importante na minha carreira, de bastante exposição e teve também O Clone, que aconteceu num momento em que eu estava me mudando para o sul. Voltei para o Rio para fazer uma participação na novela e fui convidada para fazer outros trabalhos, mas eu não quis.
NR - E com relação ao tempo em que passou no sul, você fez trabalhos por lá, teve o seu filho Guilherme...
IL - Eu fiz uma família linda lá, tive um filho, ganhei um Kikito (Valsa para Bruno Stein) como melhor atriz... tive momentos muito bons de carreira. Não fiz muita coisa porque o mercado lá é menor.
Não tenho nenhum problema em relação ao tempo em que morei lá e sim em ter dado as costas para o Rio de Janeiro, como se o mercado ali não tivesse nenhum valor (e ele tem muito valor!) porque construí a minha história e todos os meus contatos e as relações de trabalho aconteceram no Rio.
NR - Você fala muito do seu filho Guilherme...
IL - O livro é dedicado a ele. Guilherme é muito responsável. A presença dele me encorajou muito e me ajudou a perceber que o processo de medo que eu vivi era um processo de autodesvalorização.
Quando você tem filho e vai por um caminho de autoabandono, tem uma hora que é preciso repensar as ações.
Graças ao Guilherme, eu percebi que tinha algo errado e que eu precisava seguir por um caminho diferente.
Eu tenho a responsabilidade de ensinar o meu filho e não adianta eu ter um discurso e agir de forma diferente. O que importa é o exemplo de como crescer na vida de verdade.
NR - E o teatro e o cinema. Fale um pouco sobre a sua atuação nessas áreas artísticas.
IL - Tem uma peça que eu faço faz nove anos no Sul que se chama Inimigas Íntimas e este ano eu fiz muito teatro, até abril (o espetáculo Amores Urbanos). Amo fazer teatro. Existe a possibilidade de Amores Urbanos voltar. Ficarei muito feliz se isso acontecer, pois foi uma experiência muito bacana.
Tem uma parte do livro que eu falo sobre cinema. Comecei a trabalhar bem depois da TV porque nos anos 90 não havia produção de cinema no Brasil, com o Governo Collor. Fiz meu primeiro filme em 97, 98...
Minha família toda é artista. Meu pai é artista plástico e faz cinema de animação. Comecei a fazer filmes após entrar pra televisão e percebi que a velha guarda do cinema já me conhecia porque convivia muito com o meu pai e também acompanhava a minha vida desde pequena e a minha carreira.
NR - Um dos filmes que mais marcou a minha vida foi Dois Córregos. Com esse filme você ganhou diversos prêmios...
IL - Dois Córregos foi um grande presente. É um filme muito importante na minha carreira, de muito destaque. Com Dois Córregos eu fui premiada no Brasil e no exterior e tive críticas que glorificaram o meu trabalho.
NR - Dois Córregos, Pantanal e Ana Raio traziam um olhar para o interior do nosso país. Fez com que você se apaixonasse especialmente pelos cavalos?
IL - Essa relação com os cavalos e com o interior vem da minha essência. Fui criada passando as minhas férias no interior, em sítio. Minha origem é o mato.
NR - E a série Perrengue da MTV. Fale um pouco sobre esse trabalho...
IL - É uma história de jovens que estão escolhendo os seus caminhos, que passam por vários ¨perrengues¨, erram muito, sofrem por amor, sofrem nas escolhas das suas profissões, mas também conquistam muitas coisas. Eu faço uma participação muito legal como a mãe da protagonista.
Pela primeira vez eu faço um papel da minha idade, uma mulher de 50 anos, e estou adorando, principalmente porque agora que estou com um filho pré-adolescente (com 13 anos). E, além disso, tenho muitos amigos jovens. Adoro as pessoas mais maduras, mas a energia da juventude me alimenta.
NR - Muitas pessoas não gostam de falar a idade e você conta sem nenhum problema...
IL – Fiz 50 anos e eu estou super bem. Isso é sucesso. Uma família linda e um filho que eu amo. Não tem sucesso maior do que esse.
Eu grito o tempo todo que eu tenho 50 anos. É bonito ter 50 anos. É o que estava falando sobre valorizar cada momento da vida. Como uma pessoa pode viver meio século e achar ruim?! Estou agradecida por ter vivido 50 anos e quero viver mais 50. Quando temos gratidão, você não esconde nada. Sucesso é isso!
NR - E mesmo você não estando em evidência na TV, as pessoas ainda te reconhecem...
IL - Eu fico muito surpresa. Talvez tudo que eu fiz tenha marcado muito as pessoas. Pode ser sorte ou porque coloco muita energia em tudo o que eu faço... Talvez eu tenha um pouco de medo em lidar com essa intensidade.
NR - O que te deixa de olho na cena hoje?
IL - Estou muito de olho e impressionada com as pessoas que estão desenvolvendo vários dons, dons que elas tinham medo de deixar aflorar.
Na minha vida, por exemplo, só agora estou assumindo o dom da escrita e tenho outros dons que estão aflorando agora (mas ainda está cedo para falar sobre isso).
Uma amiga diretora, Nádia Bambirra, está fazendo um monólogo no Rio (Antes do Café) e está arrebentando. Outro exemplo é o meu amigo Newton Cannito, que é roteirista e acabou de dirigir Magal e os Formigas para a Globo Filmes.
Também tenho visto pessoas que não são artistas iniciando projetos nessa área. Tenho um irmão, Timóteo Liberato, que é advogado (o único que não é artista) e começou a escrever um livro no início deste ano que está lindíssimo, a Numinosa História do Marquês de Trás-os-Montes.
RESTAURANTE PIMENTA ROMÃ, PARCEIRO DE INGRA E DO SITE DE OLHO NA CENA
AGRADECIMENTO ESPECIAL: VAL PIRES, PROPRIETÁRIA DO PIMENTA
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Alameda Lorena, 531 - Jardim Paulista São Paulo - SP
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HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
CAFÉ DA MANHÃ
Seg a Sex 6:00 às 10:00
Sab/Dom e feriados 6:00 às 11:00
RESTAURANTE
Seg a quin 12:00 às 11:50
Sex e sab 12:00 às 00:30
Dom: 12:00 às 23:00
ESTACIONAMENTO
Coberto com manobrista
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