O Grupo Galpão estreia (Um) Ensaio sobre a cegueira, adaptação da obra-prima do escritor português José Saramago.
Um grupo que honra o nosso teatro e traz um trabalho que, com certeza, será mais um marco numa trajetória de 43 anos de estrada.
“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não veem”
Num certo dia, repentinamente, pessoas de uma localizade ficam cegas. Uma cegueira branca, desconhecida pelas autoridades médicas. Uma epidemia sem explicação, incontrolável.
Sem saber o que fazer, as autoridades começam a isolar quem se contaminou.
O caos impera. O colapso social é avassalador. Falta de comida, de higiene, desespero.
O ser humano na sua maior fragilidade expõe o quanto a individualidade emana de forma abjeta.
A compaixão também emana, mas a sociedade expõe as suas feridas através da falta de empatia e para se salvar, individuos são capazes das maiores atrocidades.
O livro é uma metáfora da cegueira mental em que o homem vive. A obra de um gênio da literatura mundial completa 30 anos e continua atualíssima.
Saramago não passou pela recente pandemia da Covid 19, mas é impossível não pensar nesse momento tão recente da nossa história quando entramos em contato com Ensaio sobre a cegueira. Sempre aberto a desafios, o Galpão conta com a direção e dramaturgia de Rodrigo Portella e traz um espetáculo imersivo onde a ideia é que não exista separação entre ator e espectador.
Para não deixar importunar quem não aprecia participar das cenas, o público, maior de 18 anos, pode adquirir o ingresso comum, ou o chamado “Ingresso Experiência”, isto é, ele escolhe participar uma vivência sensorial no palco ao lado dos atores que colaboraram na criação dramatúrgica : Antonio Edson, Eduardo Moreira, Fernanda Vianna, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Luiz Rocha, Lydia Del Picchia, Paulo André e Simone Ordones.
O espetáculo mistura o texto brilhante de Saramago com relatos dos experientes e, também brilhantes, atores, e também tem narraçã0, assim ficção e realidade se completam, se complementam.
|