Ensaio aberto...
Ensaio só na denominação. Quase 3h de peça, atores muito bem preparados. Direção eficientíssima. Excelente espetáculo!
A maior Herança que podemos receber é o amor e o cuidado. As relações humanas são complexas e apaixonantes também.
As luzes iluminam o palco... ir e vir de jovens que estão com canetas, cadernos, blocos e cadernos. Um coletivo de escritores num intenso processo de criação. Uma história começa a ser escrita e narrada, construída e desconstruída. Um narrador rege essa turma, propõe diversos caminhos para os personagens ... o narrador também se transforma em um dos personagens. A peça ganha uma trama envolvente e em alguns momentos o narrador instiga os escritores. O público acompanha a criação e para o cotidiano dos personagens mil e uma possibilidades, mas o destino de cada um é traçado ...amizades, amores homoafetivos, o pulsar da vida...
Pensar que em pleno 2023, com tanta informação e tecnologia, a homofobia gera violência verbal e física, dói na alma de quem acredita no amor como instrumento de um mundo melhor. Amar é dádiva e a frase "amor é amor", "love is love", é a mais pura verdade. Quem não entende e não aceita é que é doente, sem evolução alguma.
Sabemos que a extrema direita está em ascenção no mundo e vivemos quatro anos de retrocesso no Brasil. Entre tantos horrores, a homofobia! Um ex-governante que abomina a liberdade de viver e ser feliz. Felizmente a ideologia com viés fascista foi derrotada nas últimas eleições, mas ela ainda persiste e precisa ser combatida. Precisa ser combatida com amor, educação e informação.
O teatro é um meio eficiente de reflexão e a peça A Herança é um grito de amor e respeito.
As relações homoafetivas são abordadas através de um texto instigante e tocante. Nada é estereotipado. É humano, ora poético, ora mais "truculento", visceral.
A obra, que nunca foi montado no Brasil, é grande sucesso na Broadway.
Sonhos, desejos, drogas, decepções e laços de amizade que regem o cotidiano de jovens e também homens mais velhos estão no palco. Eles têm como meta a felicidade.
Sinopse:
Eric (Bruno Fagundes), prestes a ser despejado de seu apartamento, se aproxima de Walter (Marco Antônio Pâmio) e Henry (Reynaldo Gianecchini) na tentativa de se compreender durante a turbulenta ascensão de seu recém noivo, Toby, dramaturgo, (Rafael Primot) à fama. Porém, quando Adam, ator iniciante (André Torquato), surge em suas vidas, três gerações colidem e redefinem suas concepções sobre a vida.
Uma montagem necessária. O cenário são os Estados Unidos, Nova York, anos 80 até os anos 2000. A política permeia as relações dos personagens. Num certo momento, Erik e Henry se relacionam. Henry tem um pensamento conservador num país em que o preconceito infelizmente existe. Ser gay e conservador, como?!...
A trama acontece nos EUA, mas as comparações com o Brasil são inevitáveis, elas não ocorrem no texto, mas com certeza o espectador tece comparações.
Com idades entre 20 e 60 anos, os personagens são artistas, escritores, funcionários de campanha política, e empresários; amigos e amantes cujas vidas se cruzam. Eles se relacionam de modo diferente com sua sexualidade.
O público acompanha o passar dos anos na vida desses personagens.
A Aids ocupa um espaço importante, afinal muitas vidas foram interrompidas antes do surgimento de um tratamento eficaz para a doença. Muitas pessoas partiram muito cedo e uma das cenas mais tocantes do espetáculo é quando os personagens narram o quanto é trágico perder pessoas queridas e o quanto um ombro amigo é essencial.
O mais interessante dessa peça é que as múltiplas relações são mostradas através de um enredo que fala de um grupo de jovens escritores que decide contar as suas próprias histórias, inspirados no romance Howards End, do autor britânico gay E.M. Forster.
São cinco horas e meia de duração, divididas em dois dias de apresentações.
A direção é dinâmica. Personagens se encontram e se separam. O tempo passa. Os jovens escritores criam a peça como uma colcha de retalhos que ganha vida de uma forma contagiante. Explosão de sentimentos. Poesia, sexo, amor, amizade, medo, angústia, alegria... a vida com as benesses e percalços.
Todo o elenco permanece no palco. Os figurinos e os objetos em cena ficam expostos e os atores, além da atuação, realizam a contrarregragem. Um jogo cênico guiado com precisão e competência pelo Zé Henrique.
Marco Antonio Pâmio é ator veterano e dá um show em cena. No final do primeiro ato tem um monólogo em que mostra todo o seu talento. Só um grande ator para interpretá-lo com tanto vigor. Bruno Fagundes aprimora o seu talento a cada trabalho e Rafael Primot tem uma presença cênica que também merece aplausos. Felipe Hentze mostra o seu talento para o humor. Um elenco em sintonia: BRUNO FAGUNDES, REYNALDO GIANECCHINI, MARCO ANTÔNIO PÂMIO, RAFAEL PRIMOT, ANDRÉ TORQUATO,
FELIPE HINTZE, DAVI TÁPIAS, HAROLDO MIKLOS, CLEOMÁCIO INÁCIO, WALLACE MENDES, GABRIEL LODI e RAFAEL AMÉRICO.
São quase três horas de apresentação e o tempo voa porque tudo é feito com competência.
A HERANÇA
parte 1
DE MATTHEW LÓPEZ
DIREÇÃO E TRADUÇÃO ZÉ HENRIQUE DE PAULA
com BRUNO FAGUNDES, REYNALDO GIANECCHINI, MARCO ANTÔNIO PÂMIO, RAFAEL PRIMOT, ANDRÉ TORQUATO,
FELIPE HINTZE, DAVI TÁPIAS, HAROLDO MIKLOS, CLEOMÁCIO INÁCIO, WALLACE MENDES, GABRIEL LODI e RAFAEL AMÉRICO
participação especial: MIRIAM MEHLER
idealização: BRUNO FAGUNDES E ZÉ HENRIQUE DE PAULA
direção de produção: CARLOS MARTIN. TÂNIA PAES, ASSISTENTE.
ESTREIA PARTE 1 - 9 de março
De 9 a 19/3 - QUI A SÁB 20H | DOM 18H
A partir de 23/3 - QUI e SAB 20h
OBS - Nos dias 8 e 22/4 haverá sessão das duas partes no mesmo dia:
PARTE 1 - 16h | PARTE 2 - 20h
Classificação: 18 anos (contém cena de nudez e uso de cigarro)
Duração: 160 minutos (com 10 minutos de intervalo)
Valor: R$100,00
Instagram: @aherancabr
|