Com Fabiana Gugli, Luiza Curvo, Luisa Micheletti e Robson Catalunha e direção de Cássio Brasil, O Aquário é adaptação do romance L’Aquarium, da autora suíça Cornélia de Preux e a obra faz uma reflexão sobre a necessidade de se encaixar num padrão vigente.
A autora virá ao Brasil especialmente para a apresentação da segunda-feira, 12 de agosto. O seu livro também será lançado brevemente.
O texto foi criado a partir de uma notícia de jornal e se constitui numa fábula contemporânea que traça um panorama das armadilhas do mundo atual.
Na trama, é almoço de domingo de Ramos, quando no jardim de um condomínio, o pai de uma família de classe média anuncia, para a surpresa dos vizinhos e da sua esposa e dos três filhos, que passarão as férias nas Ilhas Fiji.
O absurdo é que eles não conseguem fazer a viagem por falta de dinheiro e o pai os obriga a se trancarem no porão de casa, por duas semanas, para que ninguém perceba que o passeio não aconteceu.
“A atmosfera original e os diálogos presentes no romance apresentam vocação natural para a cena. O pai vive o os efeitos da terceirização do trabalho contemporâneo, a mãe o subemprego, os filhos estudam em boas escolas, uma família vítima do sucateamento das relações sociais”, diz Cássio.
A montagem experimental oferece ao espectador uma nova peça a cada dia e após as apresentações, haverá debate. A partis das discussões que acontecerão a sessão seguinte será modificada.
Na estrutura da cena, Cássio acrescentou um revezamento dos quatro atores no prólogo e no epílogo da peça. O elenco alterna entre o contar a história e o representá-la – criando assim uma dinâmica de contradição e estranhamento na tentativa de ampliar o nosso interesse em perceber, ou melhor, no que somos capazes de perceber, devido aos nossos interesses econômicos, nossas crenças ideológicas, nossas exigências psicológicas. “Para nos fazer perceber além dos clichês”, completa Cassio. “A figura opressora, o pai, (que pode ser visto como o Estado ou o capital), diferentemente do texto original, fica ausente, mas se faz bastante presente, invade estruturalmente os desejos e necessidades desses seres e, quando o pensamento crítico se instaura, já é tarde demais. “As personagens estão “encarceradas” em seus protótipos de felicidade, os valores ficam difusos, o opressor está introjetado e o indivíduo não passa de mero reprodutor das injustiças e diferenças sociais da qual foi vítima", conclui.
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