Após estreia arrebatadora na sede em Belo Horizonte, Galpão Cine Horto, temporada no Rio e outras viagens pelo Brasil, a peça baseada na obra-prima de José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira, que no teatro ganhou o título (Um) Ensaio sobre a cegueira, chega ao Sesc Santp André e Sesc 24 de maio.
Na estrada desde 1982, o Grupo Galpão encanta pelo talento e carisma, resultado de muito estudo, pesquisa e ensaio.
Com certeza um grande marco da trajetória no palco, praças e ruas do Brasil e exterior, foram as temporadas no Globe Theatre do belíssimo Romeu e Julieta, de Wiliam Shakespeare, direção Gabriel Villela.
Os londrinos ficaram alucinados com a versão mineira para a obra do bardo inglês.
O Grupo Galpão está sempre “mambembeando” pelos rincões do Brasil e sempre em busca de aprimoramento.
Como a ideia do Grupo é não se acomodar, artistas de diferentes estilos, sejam eles integrantes da trupe ou convidados, assinam as direções do espetáculo.
Para levar ao palco Um Ensaio sobre a cegueira, adaptação da obra-prima do gênio da literatura José Saramago, o escolhido foi o diretor Rodrigo Portella, que traz na carreira sucessos como Tom na Fazenda e Ficções.
Portella também é o responsável pela dramaturgia.
A estreia desse trabalho é pertinente por vários motivos: o romance de Saramago completa 30 anos este ano, faz 15 anos que o escritor nos deixou e a trama "cai como uma luva" para o mundo pós pandemia.
Vivemos em pleno 2025 numa realidade em que imperam a mesquinhez e a ignorância.
As guerras são assombrosas e a cegueira da alma revela o quanto o ser humano é digno de lástima.
Trazer para a cena uma trama que coloca em evidencia uma cegueira branca, repentina e sem explicação, que coloca em risco a dignidade humana e a sobrevivência na Terra, é promover, através da arte, necessárias reflexões sobre a existência, sobre o quanto o homem pode ser vil, mas evidenciando também que existem muitas pessoas que buscam um mundo mais harmônico.
O escritor português aborda questões como moral e ética de forma brilhante e o Grupo Galpão tem a competência para dar a essa obra toda a sua magnitude.
Para Portella, o maior trunfo da obra é falar da comunidade, a força de uma comunidade para construir e também destruir.
Partindo dessa premissa, o diretor propôs um jogo cênico em que os atores são os narradores e intérpretes, e assim eles também descrevem a ação e isso possibilita que o espectador tenha munição para formular questões e reflexões sobre o que está presenciando.
São cenas que exploram a interpretação de modo visceral, sem cenário, e têm a expressão corporal e a trilha como fundamentais para que o drama ganhe força.
Um ensaio sobre a cegueira para o ator e um dos fundadores do Galpão, Eduardo Moreira:
Eduardo ressalta que a parceria com Rodrigo Portella e o projeto de adaptação do romance “Ensaio sobre a Cegueira” representam mais um importante capítulo da trajetória de experimentação e teatro de pesquisa do Grupo.
“Em 43 anos de atividade contínua, sempre pautamos nossa prática pela busca de novas e desafiadoras experiências, que nos fizessem refletir sobre a natureza do teatro e como ampliar e diversificar nossos conhecimentos e perspectivas”, comenta.
Ainda segundo Eduardo, o teatro do Galpão está sempre em construção. “Nós nos colocamos como aprendizes, nessa perspectiva, num processo profundamente libertador, que revela nossos limites, ao mesmo tempo em que nos convida a viver novas experiências de risco e experimentação, não só entre nós, mas também na comunhão com o público, que sempre foi e continua sendo parte essencial do nosso trabalho”.
A questão central de todo o processo de trabalho ligado a “(Um) Ensaio sobre a Cegueira” está na elaboração de um ator formulador, que constrói permanente dialética entre narrativa e drama, a partir da obra de Saramago.
“A natureza de ensaio, de algo construído no calor do aqui e do agora, na busca por um frescor permanente do acontecimento teatral, foi o impulso primordial da adaptação proposta por Rodrigo Portella, ao abordar a fábula da distopia de um mundo dominado pela metáfora de uma ‘cegueira branca’”.
E finaliza, "a ideia de um mundo em que “não cegamos”, mas onde “estamos cegos” – “cegos que veem”, “cegos que, vendo, não veem” – garante a exata dimensão da extraordinária atualidade da obra de Saramago e de sua capacidade de dialogar com as grandes questões e mazelas do nosso tempo.
“É um convite para que possamos fechar os olhos e, finalmente, ver”.
"Cabe o livro inteiro do Saramago nessa montagem, ou, como disse o próprio escritor, ‘o mundo inteiro está aqui dentro’”.
A “cegueira branca” de Saramago retrata a “cegueira moral da indiferença, do egoísmo, da tirania e da covardia, de nossa impotência diante das guerras, dos que têm fome. " É uma oportunidade ímpar poder falar sobre isso neste momento”, diz a atriz FERNANDA VIANNA, que está no Grupo Galpão desde 1995, quando substituiu a saudosa Wanda Fernandes no papel de Julieta.
Fernanda destaca a generosidade de Portella (afetuoso e respeitoso) e que o trabalho é desafiador e um aprendizado também.
Sinopse
Uma epidemia de cegueira assola a cidade, privando seus habitantes de enxergar o mundo como antes. Tudo começa com um homem no trânsito, repentinamente cego. Rapidamente a condição se espalha e coloca à prova a moral, a ética e as noções de coletivo. Um encontro entre o Grupo Galpão e a obra de José Saramago, escritor português ganhador do Prêmio Nobel de Literatura.
ELENCO
Antônio Edson
Eduardo Moreira
Fernanda Vianna
Inês Peixoto
Júlio Maciel
Luiz Rocha
Lydia Del Picchia
Paulo André/ Rodolfo Vaz
Simone Ordones
Ficha Técnica
Direção e Dramaturgia: Rodrigo Portella
Diretores Assistentes: Georgina Vila Bruch e Paulo André
Direção musical, trilha original e paisagem sonora: Federico Puppi
Cenografia: Marcelo Alvarenga (Play Arquitetura)
Figurino: Gilma Oliveira
Interlocução Dramatúrgica: Bianca Ramoneda
Iluminação: Rodrigo Marçal e Rodrigo Portella
Adereços: Rai Bento
Visagismo: Gabriela Dominguez
Desenho sonoro, programação e mixagem: Fábio Santos
Assistência de direção: Zezinho Mancini
Assistência de figurino: Caroline Manso
Assistência de cenografia: Vinícius Bicalho
Construção cenário: Artes Cênica Produções
Costuras: Danny Maia
Fotos: Igor Cerqueira e Mateus Lustosa
Registro e cobertura audiovisual: Luiz Felipe Fernandes
Comunicação: Letícia Levia e Fernanda Lara
Projeto gráfico: Filipe Lampejo e Rita Davis
Consultoria de Acessibilidade: Oscar Capucho
Operação de luz: Rodrigo Marçal
Operação de som: Fábio Santos
Técnico de palco: William Bililiu
Assistente técnico: William Teles
Assistente de produção: Zazá Cypriano
Produção Executiva: Beatriz Radicchi
Direção de Produção: Gilma Oliveira
Produção: Grupo Galpão
Produção Local em São Paulo: Lindsay Castro Lima e Mariana Mantovani - Híbrida Arte e Cultura
Assessoria Local em São Paulo: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Fotos no De olho na cena - Fernando Lara e Danton Valério.
Galpão em números
43 anos iluminando palcos, praças e ruas do Brasil e exterior
Fundação: novembro de 1982
27 espetáculos
15 projetos audiovisuais
2 000 000 espectadores
100 prêmios brasileiros
+3400 apresentações
300 cidades
18 países diferentes
+80 festivais internacionais
+210 festivais nacionais
SERVIÇO
(UM) ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
>>> Sesc 24 de maio
(Um) Ensaio sobre a cegueira
Com Grupo Galpão
Estreia 2025 | Classificação: 16 anos | Duração: 140 minutos | Gênero: Drama
20 de novembro a 14 de dezembro de 2025, quinta a sábado, às 19h | Domingo e dia 20/11, às 18h
Sesc 24 de maio - Rua 24 de Maio, 109 - República, São Paulo - SP
As sessões com acessibilidade em LIBRAS serão às quintas e aos domingos.
As sessões com AUDIODESCRIÇÃO serão aos domingos.
Ingressos no site sescsp.org.br/24demaio ou através do aplicativo Credencial Sesc SP, a partir de 11/11 e nas bilheterias das unidades Sesc SP, a partir de 12/11.
OFICINAS GRATUITAS: Libras em 100% das oficinas | Classificação: 18 anos
As inscrições, gratuitas, estarão disponíveis em breve. Serão 30 vagas por oficina e haverá interpretação em Libras. As datas, locais e informações sobre a inscrição das ações serão divulgados nas redes sociais do Grupo Galpão.
A temporada na capital paulista é realizada por meio da Lei Rouanet, com patrocínio da Petrobras, Vale, Cemig e Laranjinha do Itaú, com parceria do Sesc São Paulo.
>>> Sesc Santo André
(Um) Ensaio sobre a cegueira
Com Grupo Galpão
Estreia 2025 | Classificação: 16 anos | Duração: 140 minutos | Gênero: Drama
06 de novembro a 16 de novembro de 2025, quinta a sábado, às 19h | Domingo, às 17h
Sesc Santo André - Rua Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André, SP
Ingressos no site centralrelacionamento.sescsp.org.br ou através do aplicativo Credencial Sesc SP, a partir de 28/10 e nas bilheterias das unidades Sesc SP, a partir de 29/10 - Ingresso Experiência e demais ingressos: Inteira R$50,00, Meia R$25,00 e Credencial Plena R$15,00.
Ingresso Experiência - Válido para maiores de 18 anos. A compra é única e intransferível. Inclui participação guiada pelo elenco, com locomoção no palco, de olhos vendados, durante cerca de 60 minutos da peça. O primeiro ato a pessoa assiste o espetáculo da plateia e, o segundo ato, vendada em cima do palco. 14 pessoas participam da experiência. É necessário chegar com 30 minutos de antecedência para orientações — atrasos inviabilizam a participação, mas o espetáculo poderá ser assistido normalmente. Use roupas e calçados confortáveis. A experiência aborda temas sensíveis e inclui indicação de violência sexual. Ao participar, você autoriza o uso de sua imagem pelo Grupo Galpão mediante assinatura de termo. |