E se eu morresse amanhã traz um vigoroso embate sobre o valor da vida (apesar de todas as adversidades).
Dois atores experientes e excelentes. Dois personagens que falam sobre o tênue limite entre vida e morte. Apesar do tema tenebroso, o espetáculo é leve e nitidamente os atores amam estar em cena. Interpretações impecáveis.
Será metateatro?! Pode ser o ensaio de uma peça ou um encontro nem um pouco casual entre um empresário e a sua própria Morte!
Será que chegou mesmo a hora de partir? Será que existe uma hora marcada para a nossa partida! Será que encontraremos quem amamos e admiramos " no outro plano"? Deus existe mesmo?
Com certeza essas são perguntas que fazemos em algum momento de nossas vidas.
Responder a essas perguntas com total certeza é impossível, então façamos o que está ao nosso alcance: dizer eu te amo é tão simples e tão necessário.
Que tal cumprimentar quem nos cerca, dar atenção ao porteiro do nosso prédio, por exemplo; olhar no olho dos nossos funcionários, dos nossos amigos, dos nossos parentes, enfim, que tal deixarmos o individualismo de lado e olharmos para o próximo?! Deixar para agir amanhã, ou no próximo segundo, pode ser tarde demais!
Edson Bueno e Ricardo Westphalen evocam o valor do texto no teatro. A interpretação precisa, onde cada palavra, cada gesto, cada entonação tem grande valor.
Edson Bueno é apaixonado por teatro realista e o faz com louvor. Edson é apaixonado por cinema e entende muito sobre o universo da sétima arte. A inspiração da dramaturgia é o filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman.
Os pensamentos de personalidades sobre a vida e morte também ajudaram na construção da trama: Álvares de Azevedo, William Shakespeare, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Alvarez de Azevedo, e muito mais.
O espetáculo traz o encontro de um empresário de 50 anos com a Morte. Ele tenta, através de muitos argumentos, adiar a sua partida, mas a peça não é pesada. Ela é reflexiva, com dialogos inteligentes, ora mais dramáticos, ora bem-humorados.
Luz, música, figurino e mesa, cadeira, uma cena limpa de objetos, mas cheia pela energia dos atores, ambienta o público nesse embate que nos faz pensar sobre como vivemos, sobre o que é realmente importante valorizar.
A luz, com toques de azul, ressalta um encontro que é amistoso, apesar do assunto não ser nenhum pouco " confortável". A Morte usa preto, mas um tênis descolado, saindo do estigma de um ser macabro. O empresário usa uma blusa branca e quer ter a oportunidade de rever a sua vida e dar atenção especial aos filhos e ex-esposa. O trabalho excessivo o fez viver uma rotina estressante e nunca demostrou o seu afeto por ninguém.
Cada respiração dos atores, cada ação, cada reação, tudo muito bem elaborado, nos toca porque eles transmitem com louvor todas as camadas de seus personagens.
O empresário sorri de nervoso, tem momentos de aceitação e desespero. A Morte é irônica, divertida, ora parece segura, ora um pouco titubeante (ainda mais quando bebe e perde um pouco o controle de sua função nefasta).
Aplauso especial ao Edson Bueno porque ele assina o texto com o Ricardo, atua e dirige. Faz tudo com muita competência. Bueno é um nome de suma impirtância para a arte curitibana.
Além de atuar, dirigir, escrever para teatro, faz críticas sobre cinema, assina a concepção cênicas de espetáculos natalinos, fundou com Áldice Lopes o renomado Grupo Delírio, há mais de 40 anos, e é respeitado pela classe artística curitibano. Acompanhar a sua trajetória é um privilégio enorme. Corra pra conferir esse espetáculo. Só até domingo no Mini Auditório do Teatro Guaíra.
E que tal fazermos um brinde à vida?!
A temporada é a celebração dos dez anos da estreia desse espetáculo que merece muitos aplausos. Apresentações: 19 a 21 e de 26 a 28 de setembro de 2025
Sextas e sábados, às 20h00
Domingo, às 18h
Local: Auditório Glauco Flores de Sá Brito (Miniauditório)
Tempo de duração do espetáculo: 1h
Classificação: 14 anos
Especificações do espetáculo: Teatro
Ingressos:
PREÇO ÚNICO: R$ 60 (sessenta reais)
50% de desconto para a classe artística, mediante comprovação, para a compra de até 2 ingressos por comprovante/carteirinha.
Desconto não cumulativo com outros benefícios previstos em lei
Venda de ingressos: Disk Ingressos
Taxa de administração: 13% sobre o valor do ingresso.
Data e hora: 19/09/2025 (sexta-feira) às 20h00 até 28/09/2025 (domingo) às 19h00
Endereço
Rua Amintas de Barros, 70, Centro, Curitiba-PR, Brasil
Dica de leitura - parte essencial da História do Teatro feito em Curitiba está nesse livro: “O Meu Delírio – Textos e Memórias de Encenação”, de Edson Bueno. |