Ópera do Desbunde ou para Zé Celso
Com os alunos da Oficina "Descobrindo a linguagem subversiva e poética da arte do diretor Zé Celso"
Direção Maurícyo Vogue, participação especial
Texto Renan Queiróz
Tem momentos que ficam guardados no coração da gente e é através da arte, em especial do teatro, que tenho vivido com alegria e fé num futuro mais humano.
Os artistas brasileiros são incríveis e poder acompanhar a trajetória de quem ama e vive para o teatro, é um privilégio.
O ator, diretor e professor Maurícyo Vogue é um ótimo exemplo de um profissional talentoso e apaixonado pelo seu ofício.
Vogue faz o teatro acontecer no Paraná. Em 1997, integrou o elenco do espetáculo A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza, produção do TCP - Teatro de Comédia, sob direção de Gabriel Villela. Nesse trabalho, não o conheci, mas foi quando comecei a prestar atenção no seu nome.
No mesmo ano, logo em seguida, foi backing vocal no show Tambores de Minas, de Milton Nascimento, também sob direção de Villela. Foi um marco e vê-lo no palco dirigido de modo brilhante, foi inesquecível.
A partir daí, acompanhar a sua trajetória é um prazer. Agora, residindo em Curitiba, ter a oportunidade de ver os seus espetáculos é presenciar uma arte feita com competência e sensibilidade.
Durante três meses, Vogue ministrou uma oficina baseada no universo criativo do libertário e saudoso José Martinez Corrêa, o Teatro Oficina e o seu grupo Uzyna Ozona.
A homenagem ao Zé Celso é feita através de cenas que trazem a sua visão sobre a arte e o artista, com um espírito festivo e que transcende todo o tipo de preconceito.
Um espetáculo musical, com alunos/artistas que deram um show de talento e com o colorido impresso no figurino, na maquiagem e na luz.
Vogue sobe ao palco e fala sobre o legado de Zé Celso, sobre o quanto
as suas criações sào importantes para o teatro. Ele lê um manifesto do autor da peça Renan Queiroz e ao fundo, um vídeo do mestre Zé, ao piano, ilumina o palco.
A partir daí, a alma de Zé é revelada através do teatro, com falas e criações cênicas que traduzem, com muito amor e esmero, a devoção de Zé Celso ao deus Dionysos e à arte como ação sagrada.
Foram duas sessões do espetáculo, as quais tiveram o apoio do Instituto Joanir Zonta, do Teatro Regina Vogue, fundado pela mãe de Mauricyo Vogue, e pelo IOP - Instituto de Oncologia do Paraná, que cuida da saúde desse artista tão talentoso e querido no Paraná e apois a nossa arte.
Maurícyo é integrante da banda Denorex 80, que apresenta performances bem-humoradas misturando música dos anos 80, teatro e humor. Em tudo o que realiza traz a sua alma amorosa, cheia de vida.
Mauricyo e Zé Celso carregam a irreverência como um grito por um mundo melhor através da arte.
Em 2026, o teatro do mineiro Gabriel Villela, que é diretor, cenógrafo e figurinista, será a fonte de estudos da Oficina.
Magia, poesia, valorização da cultura popular, o valor da riqueza da arte mineira, sua terra natal, linguagem épica, beleza e muita criatividade, eis o universo genisl de Villela.
Estudar a sua trajetória, linguagem e visão referente ao fazer teatral é conhecer parte essencial da História do Teatro Brasileiro nos últimos 35 anos..
Fez Faculdade de Artes Cênicas na USP e estreou profissionalmente em 1989, com o excelente, e muito premiado espetáculo, Você Vai Ver O Que Você Vai Ver, de Raymond Queneau. |