Os Olhos de Nara Leão está num tempo da liberdade de ser é viver
A peça apresenta uma Nara Leão que está num tempo indefinido quanto ao ano em que a peça está ambientada, mas que está num tempo da delicadeza, num tempo em que o respeito emana, em que a liberdade feminina ganha força, assim como a liberdade de ser pensar e agir. A música que encanta e traz falas de amor e resistência, a voz eterna e aveludada de Nara Leão.
Zezé Polessa está entre as nossas grandes atrizes. Além do grande talento para interpretar, canta com desenvoltura. O visagismo ajuda a construir a figura de Nara, mas não tem caricatura. Zezé busca a alma da musa da Bossa Nova.
O texto tem a energia de Miguel Falabella, que escreveu a peça especialmente para a amiga e também assina a direção.
É divertido, interessante, tocantem. É uma celebração da arte, uma celebração do poder da arte em emovionar e provocar reflexões. O espetáculo traz um olhar potente (sobre a vida e a arte) pelas lentes de uma artista que nos deixou cedo, mas sempre é lembrada pelo seu talento e crítica à Ditadura. Claro que ela foi muito criticada, mas a sua importância para a cultura brasileira é inegável e ela nunca se sentiu diminuída por opiniões negativas, pelo contrário, sempre acreditou nas suas escolhas pessoais e profissionais.
Sabe aquele tipo de espetáculo que o que importa é celebrar (a arte, a música, a liberdade, o amor, a justiça social, a democracia e a amizade)? Aos olhos de Nara Leão é assim!
Zezé Polessa cresceu ouvindo a Nara. Falabella a presenteou com o texto.
Nara faleceu em 1989, aos 47 anos, mas teve tempo de deixar um grande legado. Mesmo doente, não entregou os pontos. Amou, cantou e encantou. A força veio da arte e de amizades preciosas, como o carinho da amiga Marieta Severo, que na época era casada com Chico Buarque, tão importante na sua trajetória: A Banda e João e Maria são pérolas da MPB eternizadas na voz de Nara! E tem Com açúcar e com afeto, que Chico compôs para Nara e hoje é considerada machista e ultrapassada pelo próprio compositor. Como Nara/Zezé diz, como no teatro tudo é possível e tudo o que a canção diz é o oposto de Nara, a execução dessa música é um momento marcante da encenação.
A voz de Nara Leão ecoará para sempre para quem acredita que a música nos salva!
Muito interessante o olhar do texto de Fallabella e da Zezé para Nara. Logo no início, Zezé fala com o público sobre o poder mágico do teatro. No caso, o poder de trazer ao público fala, pensamentos e canções de uma personalidade das artes que merece todo o reconhecimento que obteve.
As suas relações familiares estão presentes, mas o foco é a trajetória de uma Nara que nasceu na zona sul do Rio, à beira-mar, foi musa da bossa nova e não deixou de lado o canto de canções com temas engajados, não calou-se durante a ditadura, participou do íconico show Opinião, interpretou lindamente as canções de Chico Buarque, apaixonou-se pela Tropicália e viveu exilada com Cacá Diegues, com quem foi casada.
Zezé estabelece uma conversa com o público, como se Nara estivesse sendo entrevistada.
Assistir a esse espetáculo é aliar diversão a valorizar o talento de uma artista eterna. Oportuno falar de uma personalidade que acreditava que a arte era um trunfo contra opressões e injustiças.
Assistente de direção: Erica Montanheiro
Direção musical: Josimar Carneiro
Cenografia: Marco Lima
Desenho de luz: Cesar Pivetti
Desenho de som: Arthur Ferreira e João Gabriel Mattos
Figurino: Nathália Duran
Visagismo: Marcelo Dias
Preparadora vocal: Mariana Baltar
Operador de luz: Lucas Leicam
Operação de som: João Gabriel Mattos
Produção executiva: Fernando Trauer
Produção: Dani Agarelli
Assessoria jurídica: Andrea Francez
Administração: Kelly Marietto
Idealização: Zeze Polessa
Realização: BricaBraque Produções e Polessa Produções |