O teatro do absurdo de Ionesco é uma inspiração para The Mango Tree.
No palco, absurdo do cotidiano, das relações e a estranheza humana que vemos no palco.
É o mundo kitsch, louco, na casa de uma escritora. Será que tudo o que vemos é uma peça que ela está escrevendo? Possivelmente!
Três mulheres, provavelmente amigas de longa data, que pouco se encontram, têm falas e comportamentos esquisitos.
O que a um pé de manga, citado no release tem a ver com a trama? ...
Tudo é surreal, tudo é possível... e até agora confesso que não consegui chegar a uma conclusão ...
Uma miscelânea de palavras, ações e emoções. Tem até menção à novela Por Amor e à megera vivida por Susana Vieira.
Através de diálogos ácidos, as cenas colocam em pauta arquétipos femininos, devaneios, frustrações... e o que aparenta ser algo inusitado, na verdade, é o retrato de um mundo caótico, onde manter a sanidade é complicado. Ninguém é normal. Mulheres sem pudor e sarcásticas, perigosas, não é à toa que a vilã de Susana Vieira na famosa novela de Manoel Carlos é citada.
Três atrizes, que representam o talento do teatro curitibano, Flávia Imirene, Saravy e Katia Horn, interpretam mulheres à beira de um ataque de nervos: uma escritora decadente (a dona da casa que escreve incessantemente numa máquina de escrever, uma aspirante a atriz de Hollywood e uma ex-atriz pornô cleptomaníaca.
Elas bebem, dançam, discutem, passeiam por suas memórias e promovem uma interessante reflexão sobre como é viver sob preceitos de uma sociedade preconceituosa e com valores equivocados sobre a feminilidade.
Uma peça que fala da mulher, do limite entre sanidade e loucura, e que fala também da arte e do processo criativo, visto que a história acontece a partir do momento que a escritora começa a criar um texto. Um encontro de amigas ("pero no mucho") que promove risos e reflexões.
As três atrizes têm o tom exato da comédia e um tom nonsense que é reforçado pela luz, pelo figurino pop, colorido, uma trilha pulsante e um cenário que recebe essas mulheres para um jogo cênico onde ser diferente é o que torna o encontro interessante, um ambiente onde essas mulheres podem fazer o que têm vontade e exorcizar as amarras do dia a dia.
Leonarda Glück é quem guia as atrizes em cena e garante que o trio de grandes talentos promova um show de interpretaçào.
A diversidade é a nossa riqueza
A montagem integra o projeto Dramaturgia TransCuritibana numa parceria de Leonarda Glück com a Pomeiro Gestão Cultural.
O objetivo é fomentar a presença de pessoas trans no cenário teatral e dramatúrgico da cidade.
Além da peça, o projeto prevê um laboratório de dramaturgia para pessoas trans, leituras públicas e um e-book publicado com trechos produzidos pelas pessoas participantes.
SERVIÇO – ESPETÁCULO “THE MANGO TREE”
Quando: de 05 a 22 de setembro de 2024
Horário: sessões de quarta a sexta-feira, às 20h, sábados, às 16h e 20h, e domingos, às 16h e 19h.
Onde: Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655)
Quanto: gratuito; distribuição de ingressos uma hora antes das sessões.
Classificação: 16 anos. |