Edson Bueno é ator, diretor e dramaturgo. É um artista que representa o Paraná com louvor.
Sabe muito de teatro, tem muito talento, conhece a técnica e faz um teatro realista, requintado no sentido do cuidado cênico, mas acessível para todos os tipos de público. Um artista que coloca em pauta questões humanas pertinentes e atuais, através de textos clássicos e contemporâneos.
O público curitibano só tem a próxima quarta para assistir ao espetáculo Os Vivos e os mortos, excelente adaptação do conto The Dead, do escritor irlandês James Joyce.
O conto é uma festa de Natal onde personagens revelam verdades secretas, as quais estão guardadas porque o dia a dia fez com que sentimentos fossem abafados em nome de uma convivência amistosa ou mesmo porque viver de aparências pode ser, pelo menos superficialmente, mais fácil.
Já no espetáculo, é no funeral de uma grande escritora de romances que Gabriel e Ana falam sobre amor e felicidade, além de trazerem à tona sentimentos à flor da pele e revelações que podem parecer banais, mas que não são de tão fácil aceitação para quem vive sob os preceitos de uma sociedade burguesa, machista e cheia de preconceitos. Um texto criado num tempo longínquo e que continua atual porque pouco evoluímos no decorrer dos tempos (se é que evoluímos...).
Além disso, como a trama original é traçada a partir de referências européias, Bueno insere no texto referências do Brasil, especialmente nas citações de escritores e músicas. Se na obra original é a neve que traz um clima "down", nessa peça é o barulho da chuva que acompanha as cenas.
São muitas questões presentes em cena e Bueno consegue fazer com que os atores, e ele próprio, consigam transmitir, com singeleza, o que os personagens carregam para além das aparências.
Cenário e figurino acentuam o teor pequeno-burguês dos personagens e, junto com a luz, ajudam a dar o tom exato de cada
diálogo, os quais promovem reflexões sobre "o amor, sobre a morte e sobre a alma humana, que muitas vezes guarda segredos para que a felicidade, mesmo que forçada, emane no cotidiano.
Estamos numa era em que o uso do microfone é artifício para projeção de voz mesmo em teatro prquenos. Um ator ptecisa ter domínio vocal, como sabemos, e chegar até a última fileira.
Atores excelentes que usam a voz de maneira exemplar. Como é bom presenciar o trabalho de artistas talentosos, com técnica apurada e que transmitem toda a complexidade de personagens que procuram viver o dia a dia da melhor maneira, mas que têm desejos e frustrações e são reprimidos porque a hipocrisia reina numa sociedade cheia de regras (muitas, claro, arcaicas .
Vale mencionar que o Barracão tem um ótimo teatro e um café para o público que chegar com antecedência.
Sobre Edson Bueno Ator, diretor, dramaturgo, roteirista e escritor curitibano.
É diretor-fundador do Grupo Delírio, ao lado de Áldice Lopes, companhia paranaense em atividade desde meados dos anos 1980. Para conhecer o grupo: O meu delírio – textos e memórias de encenação (2019). Ganhou por diversas vezes o Prêmio Gralha Azul e, além do teatro, dirigiu espetáculos de dança para o Centro Cultural Teatro Guaíra, o Balé da Cidade de São Paulo e o Centro Cultural Banco do Brasil, entre outros. Também assina a concepção cênica de Contos de Natal em Curitiba.
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos
Gênero: Drama
Ficha Técnica
Conto de James Joyce
Adaptação e direção: Edson Bueno
Assistência de direção: Thyane Antunes
Produção: Mevelyn Gonçalves, Juscelino Zilio e Marcos Trindade
Elenco: Mevelyn Gonçalves, Carla Rodrigues, Juscelino Zilio e Edson Bueno
Caracterização e Maquiagem: Marcelino Miranda
Cenário: Edson Bueno e Carolina Rousseau
Figurinos: Belle Viana
Iluminação: Clever D’Freitas
Gravação de violão: Paulo Ignatowicz
Voz masculina na canção Ontem ao Luar: Douglas Perez
Contrarregragem: Miguel Moreira e Bruno Costa e Silva
Costureiras: Dora Peron e Rose
Operação de sonoplastia: Jessyca Arbaiter
Designer gráfico: Igor Bleggi
Marketing: Ana Paiva e João Vitor
Assessoria de imprensa: Ana Luísa Pereira
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