Espetáculos com temáticas históricas são sempre bem-vindos para repensarmos fatos marcantes e para o aprimoramento do conhecimento.
Após passagem pelos espaços do CCBB de outras cidades, Babilônia Tropical – A Nostalgia do Açúcar†estreia no CCBB SP.
A peça está ambientada na cidade de Recife do século XVII e aborda a ocupaçãos dos holandeses, que invadiram o nordeste brasileiro em busca das riquezas do açúcar, na época em que a cana era o nosso bem mais valioso. Â
Através desse fato, Marcos Damigo, diretor e que também assina a dramaturgia ao lado de Ermi Panzo, a peça aborda as contradições de um momento onde havia o cruzamento entre a ânsia dos tempos modernos e a violência de gênero, classe e raça.
Uma época de transformações, mas que ainda tinha como guia das ações humanas os pensamentos arcaicos.
Na trama, Anna Paes, uma controversa mulher que viveu no perÃodo, envia uma carta ao aristocrata neerlandês MaurÃcio de Nassau.Â
A moça, dona de engenho, o presenteou com seis caixas de açúcar quando ele chegou ao Brasil. É um fato verÃdico, até hoje registrado no Arquivo Nacional dos PaÃses Baixos.
Anna sabia ler e escrever, estava à frente de seu tempo, mas vivia numa sociedade escravocrata e que dizimava os Ãndios, que hoje chamamos de povos originários para fugirmos de estereótipos históricos que os inferiorizam.
Com direção de Marcos Damigo, a peça tem no elenco Carol Duarte, Ermi Panzo, Jamile Cazumbá e Leonardo Ventura e como músico em cena Adriano Salhab.
Passado e presente se misturam porque o público acompanha o ensaio de um grupo teatral que coloca em debate a trajetória da aristocrata pernambucana.
Nada mais atual, pós pandemia e após a permanência no poder de um governante com visões fascistas, do que falar de racismo, escravidão, preconceito e pensamento arcaico.
Falas da equipe sobre o espetáculo:
"Tem sido interessante ver como o espetáculo toca as pessoas de maneiras tão diferentes, dependendo de onde você se situa em relação às questões que emergem em cena", conta o diretor Marcos Damigo.
“A peça traz uma diversidade de olhares, provocando o espectador o tempo inteiro, com a busca de um teatro mais contemporâneo e desconstruÃdo", complementa.Â
A atriz Carol Duarte, que vive Anna Paes,
destaca a importância de abordar a barbárie histórica do paÃs. E ressalta: "como podemos olhar para o passado sem reparar que os pilares desse paÃs foram sustentados pela escravidão? Os vilões da nossa história devem ser nomeados para que, no presente, possamos erradicar qualquer indÃcio dessa herança escravocrata, restaurando o lugar devido para aqueles que foram capturados e para aqueles que ainda são oprimidos", afirma a atriz. Â
Ermi Panzo, artista angolano radicado há quase dez anos no Brasil, que também assina a dramaturgia da obra merece destaque, assim como Jamile Cazumbá, artista baiana que transita pelo audiovisual e a performance; e Leonardo Ventura, ator consagrado em obras dirigidas por Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral e por trabalhos com Gabriel Villela.
Marcos Damigo dirigiu Leopoldina, Independência e Morte, também com sucesso e presentações nas sedes do CCBB .
FICHA TÉCNICA:
Marcos Damigo - idealização e direção geralÂ
Gabriel Bortolini e Marcos Damigo - concepçãoÂ
Ermi Panzo e Marcos Damigo - dramaturgiaÂ
Gabriel Bortolini - direção de produçãoÂ
Carol Duarte, Jamile Cazumbá, Ermi Panzo e Leonardo Ventura - elencoÂ
Sol Miranda - stand-in Milena | Nena
Lúcia Bronstein - interlocução artÃsticaÂ
Adriano Salhab - direção musical e música ao vivoÂ
Wagner Pinto - iluminaçãoÂ
Simone Mina - direção de arte
CORPO SOBRE TELA - Ricardo Aleixo e Julia Zakia - vÃdeosÂ
Daniel Breda - consultoria históricaÂ
Glaucia Verena - preparação vocal e consultoria artÃstica e dramatúrgicaÂ
Pat Bergantin - preparação corporal
https://ccbb.com.br/sao-paulo/programacao/babilonia-tropical-a-nostalgia-do-acucar-2/
Estreia dia 6 de outubro
CCBB SP |