Um duque e os seus empregados. Um encontro no inverno que promete fortes emoções.
Claro que o duque não está nem aí para os "subalternos", que, na verdade, são essenciais para a vida palaciana. Salvo exceções, quem tem o poder nas mãos e o dinheiro no bolso só pensa em si mesmo!
O tempo é antigo, século XVII, o que é evidenciado pelas roupas e alguns detalhes como a fogueira, lareira, para esquentar o frio intenso do inverno, mas poderia ser hoje também. Vivemos tempos de esperança, mas ideias retrógradas - e com tendência fascista - ganham o mundo!
Por mais que os empregados da peça tenham empatia e sonhem com a liberdade, acabam ficando presos a uma realidade sufocante. Folga apenas uma vez por mês e mesmo assim, a falta de direitos é tamanha que diversão parece algo proibido. Só quem tem o direito à diversão sem culpas são os nobres.
Um pouco de vinho, uns pães das sobras dos patrões, e algumas poucas horas de distração, migalhas de diversão, uma vida sem grandes perspectivas.
Os serviçais tentam uma revolução, um levante pela igualdade feminina e melhoria das condições de vida da população, mas como ter sucesso quando existem pessoas que os punem? O pior, estão à mercê de um bispo que tem um caráter duvidoso, alcóolatra e devasso.
Apesar de tudo, mesmo com as tempestades, o amor, a força da amizade e da solidariedade é maior do que as barreiras.
Uma produção caprichada, o vermelho domina o palco em alguns momentos, cor forte, intensa; em outros momentos, o tom bege para dar uma certa leveza. Cenas leves e também de reflexões. A luz delimita a tensão e os poucos minutos de descontração.
A ganância, o abuso de poder, a soberba dominam o cotidiano desse lugar indefinido. Infelizmente muitas pessoas ainda não perceberam que todos temos o nosso valor. Ter poder e dinheiro não faz de ninguém ser superior, pelo contrário. Eis o que trazemos de reflexão após ver Inverno. Teatro não precisa, nem deve, levantar bandeiras, mas deve suscitar reflexão e diversão.
Inverno faz isso e a peça faz parte de uma série de montagens que contemplam as estações do ano.
Verão já esteve em cartaz e logo mais Primavera e Outono ocuparão o tablado.
A dramaturgia é de Eloisa Vitz.
O grupo completa 23 anos e tem recebido espectadores com sessões gratuitas. Merecem muitos aplausos.
O Grupo Gattu é mestre em acolhimento, atenciosos e talentosos.
O espetáculo é encenado no ótimo espaço do grupo, o Teatro do Sol. É perto da estação Santana.
Atores em sintonia, que realizam um teatro que sempre trabalha com mulheres interpretando homens e vice-versa.
O teatro pulsando. Artistas que respiram teatro e merecem o reconhecimento que já receberam - prêmios e viagens de sucesso.
Texto: Eloisa Vitz
Direção: Eloisa Vitz
Assistente de Direção: Miriam Jardim
Elenco: Miriam Jardim, Mariana Fidelis, Eloisa Vitz, Lilian Peres, Daniel Gonzales, Isaque Patrício e Ricardo Teodoro.
Cenário e Figurino: Heron Medeiros
Serviço
“Inverno”
Temporada: 14 de abril à 11 de junho de 2023
Quartas e Quintas às 20h, Sextas e Sábados às 21h e Domingos às 19h.
Teatro do Sol
(Rua Damiana da Cunha, 413 – Santana – São Paulo/SP)
Ingressos gratuitos
Reservas através do Whatsapp: 11. 95679.2526
Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo
Duração: 60 minutos
Recomendação: 12 anos
Capacidade: 60 lugares
Patrocínio Atacadão |