Kiwi, em cartaz no Teatro Augusta, na sala Experimental, conquistou o apreço do público e da crítica. As sessões estão lotando e a montagem já foi indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo AoTeatro Infantil e Jovem (ex-Prêmio Coca-Cola) – Melhor Atriz (Rita Batata), Melhor Figurino (Anne Cerutti), Melhor Espetáculo Jovem.
O diretor Lucianno Maza carregava o desejo de encenar o texto de Daniel Danis há algum tempo e a concretização desse sonho já trouxe, portanto, (merecido) bons frutos.
O nome Kiwi já desperta a curiosidade e, mais ainda, quando lemos a sinopse. Kiwi é o apelido de uma adolescente que é abandonada pelos pais e acaba tendo que se virar nas ruas.
Ela conhece uma turma e com ela reside num abrigo improvisado. A realidade nas ruas é dura, sobretudo devido à violência e ao perigo da morte. Kiwi tem que aprender a roubar e se prostitui. A liberdade é restrita porque a qualquer momento a polícia pode acabar com a vida desses jovens.
A vida no abrigo é controlada, já que os moradores têm que obedecer as regras de um chefe, mas ainda existe tempo para a compaixão e amizade. Todos são obrigados a ter um parceiro e Kiwi encontra o amor e amizade na figura de Lichia. Pseudônimos de jovens anônimos que buscam um lugar na sociedade.
Os gestos são sutis e as falas carregam a dor de quem está à margem da sociedade. Os personagens são muito jovens, mas são os protagonistas de uma história que revela as mazelas da exclusão.
A linguagem direta, muitas vezes ¨crua¨, faz com que a narrativa prenda a atenção, mas poderia ficar cansativa se a direção de Maza não tivesse o mérito de destacar as sutilezas do texto, valorizando a força do excelente texto e os seus momentos poéticos.
O tom da encenação, com a ajuda da luz e dos figurinos, ganha ares surreais, oníricos, salientando o absurdo que é a vida sem a garantia mínima de sobrevivência. Como se tudo o que é mostrado fosse um sonho, e principalmente, um pesadelo.
Os movimentos, precisos e criativos, nos fazem mergulhar num mundo em que a incerteza do futuro é dominante. A esperança, no entanto, vence a dor e o final é encantador.
Para escolher o elenco, Maza realizou testes. Rita Batata tem um excelente desempenho, é segura em cena e vive uma adolescente sem cair no estereótipo. Lucas Lentini não consegue a mesma intensidade na sua interpretação, mas estabelece com a companheira de palco uma ótima química e os atores também são responsáveis pela qualidade da montagem.
Se não fosse por alguns detalhes no texto, como o frio incessante e aniquilador, seria possível dizer que essa peça foi escrita por um dramaturgo brasileiro. O retrato da vida desses jovens lembra muito a dura realidade dos moradores de ruas e órfão do nosso país.
Para completar a semelhança com a nossa realidade, o pano de fundos são as Olimpíadas. O texto não poderia ser mais pertinente e contemporâneo!
SINOPSE
Às vésperas dos Jogos Olímpicos, a polícia faz sua limpeza social. Uma garota, abandonada por sua família, é acolhida por jovens que lutam pela sobrevivência nas ruas. Ela é batizada Kiwi e terá uma dura trajetória até a esperança de uma vida melhor em um mundo que parece não ter lugar para ela e seus amigos. Texto premiado do autor canadense Daniel Danis com direção de Lucianno Maza.
FICHA TÉCNICA
Texto: Daniel Danis
Direção e tradução: Lucianno Maza
Elenco: Rita Batata e Lucas Lentini
Assistência de direção: Náshara Silveira
Trilha-sonora: Dr. Morris
Figurino: Anne Cerutti
Cenário e iluminação: Lucianno Maza
Assistência de iluminação: Melissa Guimarães
Arte gráfica: André Kitagawa
Projeto (programação visual): Caesar Moura
Fotos de divulgação: Arô Ribeiro
Fotos de cena: Bob Sousa
Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques
Produção executiva: Berenice Haddad
Produção e idealização: Lucianno Maza
Realização: Projeto Grande Elenco
SERVIÇO
De 1 º de Outubro a 27 de Novembro de 2016
Sábados, às 21h30, e domingos, às 19h
Teatro Augusta (Sala Experimental)
Endereço: Rua Augusta, 943 - Cerqueira César
Informações: (11) 3151-4141
Capacidade: 50 lugares
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: R$30,00 (inteira) / R$15,00 (meia-entrada: estudantes; jovens de baixa renda entre 15 e 29 anos; idosos acima de 60 anos; portadores de necessidades especiais e acompanhante; e professores da rede municipal e estadual)
Horário da bilheteria do teatro: Quarta a sexta, de 14h às 21h; e sábados e domingos, de 13h às 21h.
Os ingressos também podem ser adquiridos pelo site e televendas: www.compreingressos.com e (11) 2122-4070.
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