O TEATRO POPULAR É FARMACOLOGICAMENTE UM LUGAR QUE OFERECE TODOS OS REMÉDIOS PARA OS MALES HUMANOS¨ - GABRIEL VILLELA
GABRIEL VILLELA
O TEATRO POPULAR
Festival Zaca-ria @festivalexpressar
Mediação João Valadares
Ouvir o diretor Gabriel Villela, cenógrafo e figurinista, é sempre um prazer e aprendizado. Além de todo o talento, é muito culto, está sempre estudando e criando.
Villela começou a exposição falando sobre a sua origem, interior de Minas Gerais, Carmo do Rio Claro. Lá, por cerca de oitos anos, dirigiu o Grupo Raízes, que perambulou por várias localidades.
Bem cedo foi estudar teatro em São Paulo, na USP, e lá entrou em contato com a teoria teatral e começou a chamar a atenção em festivais, em especial o de São José do Rio Preto/SP.
Disse que que para a conversa/oficina pesquisou dados do teatro popular na internet para verificar quais informações estão expostas na atualidade, conteúdos que evidenciam em especial o teatro popular no século XIX e que trata de questões políticas em contexto nacional.
O diretor abordou o teatro popular desde o seu percurso na Grécia antiga (nasceu com os deuses) e a paródia, a sátira, a comédia, a tragédia; passando pelo século XVII, passando por outros momentos até chegar ao Brasil...
Quem conhece a trajetória de Gabriel Villela sabe que além do talento e sensibilidade para criar espetáculos que primam pela magia, beleza, poesia e delicadeza, o seu conhecimento sobre arte e teatro é fruto de muito estudo e dedicação à criação.
A pesquisa empírica também contribui, e muito, para a ampliação do seu conhecimento artístico. A sua Terra Natal, Carmo do Rio claro/MG, no sul de Minas, e toda a região, tem uma cultura popular riquíssima e as cidades históricas sempre foram um local de mergulho na arte.
Sinalizou que o teatro popular realizado na Grécia/Atenas parodiava as autoridades políticas e usava o fenômeno da Ágora para falar com o público e ironizar /satirizar os episódios políticos do momento.
Falou do Brasil de Artur Azevedo, os nossos comediantes, artistas mambembes, circo ( o nariz de palhaço), circo-teatro ,as máscaras, evidenciando a sua experiência com o teatro popular e o teatro nas ruas e praças do Brasil.
Contou como foi a sua parceria com o Grupo Galpão (em especial Romeu e Julieta), com os Clowns de Shakespeare e Maria Cutia ( a montagem de Auto da compadecida e o seu autor Ariano Suassuna; o dramaturgo nordestino e o movimento Armorial que amarrou elementos da cultura popular para criar uma manifestação artística erudita utilizando diversas formas de arte; também citou que o teatro que transveste o homem para viver personagens femininas, em especial nas ruas e praças, é muito comum no nordeste e tem a sua origem na época antiga quando só os homens faziam teatro).
Comentou que a festa do boi-bumbá em Parintins uma pérola da cultura popular que contém todo o conteúdo sobre os antecedentes da comédia e da tragédia e também recomendou a leitura de livros de seu professor na USP, Miroel Silveira.
Também frisou que todo teatro feito na rua é popular porque evoca o imaginário do homem que chega para ver um prodígio.
Com relação ao teatro brasileiro e a comédia, falou sobre Arthur Azevedo e a influência francesa, as cias de teatro de variedades, destacando a influência francesa e os aspectos políticos que estavam presentes (período monarquia transição para a república). Vale dizer que Villela montou o Mambembe, de Arthur Azevedo em 1996, mostrando a saga de uma trupe que viaja do Rio para as minas gerais.
¨A COMÉDIA GANHOU FORÇA ATRAVÉS DA PARÓDIA E SÁTIRA, QUE MUITAS VEZES SE MISTURAM¨¨ - GABRIEL VILLELA
¨A COMÉDIA TEM A MESMA FONTE DA TRAGÉDIA (CRIAÇÃO DOS DEUSES GREGOS)¨ -GABRIEL VILLELA
¨O TEATRO DE RIR É UM TEATRO RITUAL. ELE DESOPILA OS ÓRGÃOS INTERNOS ATRAVÉS DA RISADA¨ - GABRIEL VILLELA
¨TODA A ARTE É ERÉTICA. A ARTE INVESTE CONTRA O ESTABELECIDO. O ALIMENTO DA ARTE É DAR CONTRASTES¨ - GABRIEL VILLELA
Falar de teatro popular e não falar de romeu e julieta? Estreou em 1992, reestreou em 2012 e fez duas temporadas no Globe de Londres. Foi um sucesso.
O encontro entre Gabriel e Grupo Galpão foi um aprofundamento na arte popular para o entendimento de qual é a nossa herança verdadeira. Para tanto, a arte barroca (estudos em Ouro preto e ensaios em morro vermelho, distrito de caeté/MG) foi utilizada em toda a sua plenitude porque é o nosso ponto mais forte de expressão e a arte brasileira mais valorosa).
O riso e o choro, o céu, para os diálogos de uma obra que tem na sua trama uma natureza política e que toca o espectador por falar do amor entre dois jovens que morrem e assim conseguem selar a paz entre as suas famílias rivais.
Uma hora e tanto conhecimento a ser passado, claro que é muito pouco tempo...um gostinho ótimo de ¨quero muito mais¨.
Obviamente o conteúdo (muito rico) abordado foi mais profundo, mas a ideia é pincelar falas interessantes sobre o teatro que nos encanta e que Gabriel Villela é um grande representante.
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