AULA VIRTUAL SOBRE O THÉÂTRE DU SOLEIL.
Lembrando os 14 anos da defesa de Doutorado com a tese Os Modos de Produção no Théâtre
du Soleil à luz da produção teatral francesa desde 1968: uma exceção na exceção cultural?
Parabéns!
Uma aula sobre a criação e o funcionamento do Soleil, o espaço, a criação, o pensamento e as
ações…uma grande paixão da Profa. que acredita na arte como meio de transformação.
História de amor com o público nas palavras de Deolinda.
A ideia era fazer um teatro diferente, coletivo, num espaço definido. Uma trupe permanente
que busca a fidelização do público e tem a bilheteria como a sua principal fonte de renda. Para
Deolinda, o sucesso da trupe vem dessa forma de produção. Antecipou o maio de 68 e surgiu
como uma organização igualitária com o uso de recursos próprios.
A meta é a excelência artística. Jovens estudantes franceses criaram o Soleil contra a corrente
do lucro, acreditando que o público deve ser o grande mecenas do teatro.
O Soleil é um teatro que faz uma história muito bonita, com um público cativo. Muitas
histórias de pais que levam os filhos para o teatro. Ariane Mnouchkine é a diretora que guia
essa trupe com uma direção antenada com o que está acontecendo no mundo e que faz
questão de valorizar a identidade francesa da companhia. Deolinda fez um apanhado do
surgimento e funcionamento da trupe. Um cotidiano extremamente recheado de atividades,
com os integrantes cuidando de todos os detalhes para a manutenção da Cartoucherie, a sede
do Soleil.
Para entrar na trupe, geralmente entram como estagiários. Não existe papel principal; os
papeis são escolhidos através de improvisações e existe um espírito solidário entre os atores
(na troca de informações e experiências para o trabalho). Ariane diz que a qualidade do Soleil
começa no exato momento em que ele recebe o seu público. Por esse motivo, o respeito
começa desde a qualidade do café e nos mínimos detalhes do espetáculo. Horário preciso para
o início das sessões, por exemplo. Princípios e excelência artística. Um teatro de cunho popular
¨elitista para todos¨. Não tem a figura de um produtor. É uma cooperativa operária de
produção. Operários da arte.
Além de valorizar a bilheteria, Ariane acredita no subsídio do Estado e na ligação do Soleil com
o Ministério da Cultura. Ariane tem que apresentar espetáculos num determinado período de
tempo e todos os balanços do funcionamento do Soleil; é preciso pagar uma taxa e as
informações estão disponíveis no site do Tribunal de Contas
A iniciativa privada, segundo Deolinda, entra, em especial, para viabilizar projetos no
exterior. Chegar ao Soleil é um acontecimento. A ideia é que o público chegue antes do
espetáculo (pelo menos 1h de antecedência) para esquecer o seu dia e entrar num outro
mundo.
Obs. Ônibus para que o público não precise pagar mais um ticket. Trabalho diário, leituras,
busca da alta qualidade que faz com que o artista tenha que se doar bastante para o
trabalho. Estilo de vida, uma opção de vida, com profissionais que estão lá há anos e outros
que ficam cerca de seis, sete anos. Muitos saíram para outros ares e com a experiência de
trabalhar numa trupe reconhecida. Talvez, nas palavras de Deolinda, mais conhecido fora do
que na França...
Comédie-Française e o Soleil representam o teatro na França e sempre vieram ao Brasil em
momentos especiais (como o Impeachment da Dilma e o fim do Ministério da Cultura - com a
comédia As Comadres), menos do que deveria, sobretudo devido à estrutura, pois Ariane
sempre leva toda a estrutura para as apresentações.
Dica de filme Ariane Mnouchkine - A Aventura do Théâtre du Soleil
www.theatre-du-soleil.fr
Sobre Deolinda: Professora do Departamento de Técnicas do Espetáculo e Professora
Permanente do Programa do PPGAC da UFBA (Mestrado/Doutorado). No momento, cumpre
um ano de Estágio Senior na universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense, com supervisão
do Prof. Dr. Emmanuel Wallon. Pós-Doutorada (2008/2010 bolsista FAPESP) com tutoria de
Silvia Fernandes na ECA/USP. Doutora (2007) e Mestre (2002) em Théâtre et Arts du Spectacle
pela Sorbonne Nouvelle-Paris III, orientada por Jean-Pierre Ryngaert. Mestre em Artes Cênicas
pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2001). Jornalista,
graduada pela Faculdade da Cidade (1983). Líder do GIPE-CIT – Grupo Interdisciplinar de
Pesquisa e Extensão em Contemporaneidade, Imaginário e Teatralidade. Trabalha
fundamentalmente com produção teatral, atuando principalmente nos seguintes temas:
cadeias produtivas da cultura, formação e qualificação, políticas culturais, teatro brasileiro,
teatro francês e economia da cultura. |