Projeto de Extensão “A cadeia criativa do espetáculo teatral contada e cantada por quem o faz”
Coordenadores: Prof.ª Drª. Deolinda Vilhena / Prof. Dr. Gil Vicente Tavares / Prof. Dr. Sérgio Sobreira
Chico Carvalho é ator, diretor, radialista, dramaturgo.
Ator formado pela Faculdade de Artes Cênicas da UNICAMP, radialista pela Faculdade Cásper Líbero, mestre em Multimeios e doutor em Artes da Cena pelo Instituto de Artes da UNICAMP. Foi professor da Escola Superior de Artes Cênicas Célia Helena
Ouvir chico é entrar em contato com um artista que acredita que nunca atingirá a perfeição e está entre os maiores de sua geração. Sempre em busca do aprimoramento.
Um ator que coloca a voz como essencial para que o intérprete tenha expressividade e que na aula-entrevista foi muito elogiado pelo diretor Gabriel Villela (que abriu o Seminário faz dois meses com chave de ouro e é o padrinho), com quem realizou os inesquecíveis espetáculos A Tempestade, de Shakespeare, Peer Gynt, de Ibsen, Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues e Estado de Sítio, de Camus.
Produções primorosas de Claudio Fontana, ator e produtor que também encantou os participantes do Seminário.
Carvalho conquistou o Prêmio Shell de melhor ator em 2013 pelo papel em Ricardo III, texto de Shakespeare e direção de Marcelo Lazzaratto.
Por seu trabalho em Peer Gynt, protagonista, recebeu o Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem (antigo FEMSA).
Num certo momento da entrevista, Chico Carvalho disse que tem uma grande paixão pela música e aprendeu ouvindo os grandes compositores.
No momento, produz e apresenta A Grande Orquestra do Mundo, na Cultura FM. São 13 programas que realizam uma viagem aos momentos marcantes da história do teatro ocidental em conexão com a estrutura de uma orquestra sinfônica.
A Grande Orquestra do Mundo é uma brincadeira a partir da máxima de Shakespeare o mundo é um grande palco - e também faz alusão ao título da peça O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de La Barca.
Esse moço tão talentoso é das pessoas que mais leem e mais pensam na profissão, sem nenhum desejo de fama. Sucesso, sim, a partir de um bom trabalho no teatro, mas a fama de um ator por aparecer na tela nunca o interessou.
Colocar em palavras o que foi dito é complicado porque nada como vivenciar a aula/entrevista ao vivo, como acontece no teatro também.
De qualquer maneira, a ideia é expor os momentos mais marcantes e a publicação do Seminário na forma de livro, pela equipe, com certeza será muito especial.
A Entrevista foi conduzida por Sergio Sobreira, Eduarda Duarte e Thais Patez
O prof. Sergio Sobreira perguntou para Chico como surgiu o interesse para o teatro e usou a palavra assombro para caracterizar a paixão por um ofício lindo e que exige muita dedicação.
Chico Carvalho disse que começou a fazer teatro no colégio Santa Maria. O seu contato começou aos seis anos de idade. Assistia veteranos fazendo teatro e também pisou no palco. Descobriu o encantamento da arte e o assombro que é o ator fingir ser o que não é.
Da oitava série até o terceiro colegial esteve num grupo de teatro extracurricular e fez espetáculos com figurinos elaborados. As apresentações eram destinadas ao universo escolar e as suas lembranças são as melhores possíveis. Entre os mestres, Carlos Colabone e Linei Hirsch.
Nunca pensou em seguir outra profissão e, quando prestou vestibular para Artes Cênicas, decidiu tentar na Unicamp para ver como era o teste de aptidão. A sua ideia era depois prestar vestibular na USP. Passou no processo seletivo e formou-se na Universidade de Campinas.
Além do teatro, o esporte também é uma grande paixão. Comparou as duas atividades: assim como o ator no teatro, no jogo o atleta tem plateia e regras.
¨Devo muito ao teatro amador. A arte deveria ser fundamental na pedagogia, ¨declarou.
Eduarda Duarte o questionou sobre como é defender a paixão pelos clássicos num país em que a arte é mal valorizada.
Chico defendeu que os clássicos mostram quem somos nós e, por esse motivo, devem ser montados sempre. Autores como Shakespeare falam de temas extremamente atuais e oportunos. ¨Os clássicos nos deixam mais atentos para as questões do poder¨, opinou.
O seu maior prazer é falar um texto que acessa as pessoas e os clássicos são encantadores. Através dos clássicos, a voz do ator reverbera com maestria.
Segundo Chico, falta interesse por parte dos artistas em montar os clássicos e muita preguiça também, pois eles possuem uma embocadura elaborada, que precisa, no entanto, somente de um mínimo de esforço para que a palavra reverbere de maneira prazerosa.
Sempre recebeu críticas, mas se sente muito orgulhoso por ter interpretado textos clássicos na sua carreira.
Reverenciou, vale dizer, não somente os autores estrangeiros, mas preciosidades do Brasil, entre eles, Artur Azevedo, Jorge Andrade e Nelson Rodrigues.
¨Fazer clássicos é um olhar de inteligência”, pontuou Carvalho.
Thais Patez pediu para Chico Carvalho falar um pouco sobre a importância da universidade pública.
Formado em atuação pela Unicamp e em Rádio e TV pela Cásper Líbero, o artista defende, obviamente, o ensino público, e acredita que quem cursa uma instituição gratuita carrega consigo a responsabilidade de fazer o seu trabalho com muito esmero e com a certeza de que a arte tem uma função social. Uma função que não é pra ser panfletária porque a arte por si só já é um meio para a transformação. As peças carregam um manancial ideológico e o ator não deve defender partidos no palco.
Essas palavras foram ditas por um artista extremamente engajado e que nas redes sociais expõe o seu pensamento sobre a política, mas no palco defende que o papel do artista é propor reflexões.
E, claro, como diz Gabriel Villela, não deve entregar nada editado (¨mastigado¨) para o público. É o espectador quem edita o que está sendo mostrado em cena, tirando as suas conclusões pessoais. Neste sentido, o artista é um pensador, tem que estar preparado e ter um papel de resistência.
Complementando a fala de Carvalho, Sobreira perguntou ao artista como é defender a liberdade de criação nesses tempos sombrios?
Carvalho salientou que o artista tem que ser amoral e qualquer cerceamento da criação é inaceitável.
O ator é um mentiroso que usa o seu corpo para interpretar histórias e o exercício no palco é de uma prazerosa brincadeira.
Ator é um hipócrita – aquele que finge ser o que não é.
A arte, portanto, não pode ser julgada como moral ou amoral.
¨O palco é o terreno da liberdade de expressão e da união com o espectador¨- Chico Carvalho.
Chico teve uma formação brechtiana na Unicamp e não aprecia a criação de personagens que lembrem as suas características pessoais. Não concebe, portanto, que um personagem tenha que ser criado a partir de estudos psicológicos.
O seu prazer é contar uma história e viver personagens que não tenham relação com a sua personalidade e fisionomia, pelo menos não aparentemente. O reconhecimento do espaço é feito especialmente através da intuição.
Tem a voz como o principal instrumento e é a partir dela que vislumbra toda a extensão muscular do seu personagem, uma voz artificial, que tem uma entonação especial, obviamente. Segundo Carvalho, não se fala no teatro da mesma maneira que pedimos um pão na padaria!
¨Um ator que sabe evocar a imaginação do público através da voz está pronto¨, afirmou.
Disse que quer estar sempre ao lado do diretor Gabriel Villela e do ator e produtor Claudio Fontana, pois ambos possuem um pensamento artístico muito parecido com o seu. ¨Gabriel Villela conta uma história com tudo bem preparado para produzir encantamento¨, elogiou.
Eduarda Duarte quis saber como foi a experiência de Chico Carvalho como professor de História do Teatro (foi professor da Escola Superior de Artes Cênicas Célia Helena).
Carvalho disse que conheceu a história da sua profissão quando começou a estudar para lecionar a matéria. Percebeu que a história do teatro é contada através dos grandes atores, o que é honroso, mas defendeu que também é preciso prestar atenção nas demais atividades, como a direção, cenografia, etc.
Também lamentou que o ator respeitado no Brasil é o de TV, é ele quem fica para a história. Uma realidade que precisa ser modificada e para isso é preciso ¨peitar de frente¨ todo um sistema mercadológico. ¨Temos que batalhar por um sentido social da arte¨, defendeu.
Como conseguir esse feito? É preciso que os artistas se unam.
O valor dos grupos de teatro
E os grupos de teatro, na sua visão, são os maiores exemplos de união no teatro.
Aproveitou a oportunidade para citar a importância do TBC para a história do nosso teatro, que foi criado pelo Franco Zampari, um italiano apaixonado por teatro. Um momento de suma importância para o nosso teatro.
Apesar de não ter feito parte de grupos de teatro, teve uma relação estreita com Os Fofos Encenam, que surgiu com a união de artistas que foram seus parceiros na faculdade de artes cênicas e com os quais ele realizou a sua peça de formatura, com direção de Márcio Aurélio (a qual foi apresentada no TBC quando Gabriel Villela administrava o teatro). Um grande exemplo do quanto a união é essencial.
Chico Carvalho e a rádio
Chico foi estagiário na TV Cultura e foi ele quem propôs o projeto de "A Grande Orquestra do Mundo"
A Grande Orquestra do Mundo é uma brincadeira a partir da seguinte máxima de Wiliam Shakespeare: ¨o mundo é um grande palco, e ö título também faz menção à peça O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de lá Barca.
¨Se o mundo é um palco, um grande teatro, o mundo é orquestra também”, declarou, evidenciando que tanto o teatro como a orquestra são grandes engrenagens.
Assim como no teatro, o que mais encanta o ator na rádio é a sua possibilidade de fazer com que o ouvinte ative o seu poder de imaginação.
Eduarda Duarte perguntou sobre como é ser dirigido por Gabriel Villela. Pediu também para o ator falar sobre o circo, visto que a concepção circense está sempre presente nas magias cênicas de Gabriel Villela.
Nas palavras de Chico Carvalho: ¨Falar do Biel é afetivo, prazeroso e recompensador¨.
É um mestre que Chico Carvalho conheceu através das belíssimas montagens de Romeu e Julieta e A Rua da Amargura, com o Grupo Galpão, espetáculos que o encantaram muito.
Segundo Chico, um ator não sai incólume de uma experiência com o Gabriel. A sua direção provoca encantamento e prazer.
O ator precisa entender as ferramentas que ele propõe para operá-las com o seu corpo e voz. Gabriel Villela é um diretor que trabalha para a cena e o ator precisa de um instrumental consistente para que a fábula criada ganhe vida.
É muito importante para Chico Carvalho estar próximo de pessoas como Villela.
¨Gabriel Villela constrói um mundo utópico no palco, que é um grande picadeiro onde ele coloca o ator num solo encantado. O ator precisa remar a favor de uma fábula¨. Chico Carvalho
Carvalho disse que não domina nenhuma técnica circense, mas que considera o circo a verdadeira arte popular. O circo serviu para lhe dar responsabilidade e ritmo.
Thais Patez perguntou como é para Chico Carvalho lidar com os sucessos e fracassos.
Chico disse que felizmente nunca vivenciou um grande fracasso, mas que tem a certeza de que nunca atingirá a perfeição.
Na sua visão, o ator nunca reproduz em cena a mesma qualidade que conseguiu atingir nos ensaios. O teatro é o exercício de acertos e tropeços.
Num dia, tudo pode sair de maneira satisfatória, quase perfeita, e, no dia seguinte, a apresentação pode não ter a mesma qualidade. Um fato geralmente imperceptível para o espectador, mas que aflige o ator.
Declarou que estar em cena é sempre estar à beira de um abismo. Fazer teatro é um exercício de lidar com a angústia e com a precariedade do teatro e a vida (visto que o ator não pode editar o seu trabalho no palco, como acontece na TV).
Como exemplo do quanto estar em cena é sempre um desafio, citou uma cena do filme Shakespeare Apaixonado:
Num certo momento, quando artistas estão encenando Romeu e Julieta, no Globe, um dos atores gagueja e demonstra estar desesperado por ter que entrar em cena. Logo em seguida, alguém o empurra para o palco. Como num milagre, ele não só diz o texto com exatidão, como encanta a plateia com a sua interpretação...
Nesse sentido, Chico diz que não possui um método, não acredita na sua eficácia. O ator é sempre empurrado para um abismo, e para obter sucesso precisa estar bem preparado.
Tudo parte da voz e do texto, da dramaturgia. ¨A voz que sai do papel e está no seu peito, na sua unha e na sua pele. A voz que dá vida a um personagem e delimita as suas ações e demais características”.
E usou uma excelente fala de Bibi Ferreira para dizer que um ator precisa estar preparado, ler muito e estudar, e conseguir, especialmente, falar de uma maneira que todos o entendam.
Lição de Bibi Ferreira para que um ator tenha qualidade:
¨Fale alto! ”
Isto é, esteja presente! Esteja corporificado no palco. Acesse a última fileira.
Gabriel Villela elogiou o ator dizendo que ele faz parte de um grupo formado por artistas independentes, que têm em comum a paixão pelo teatro e a mesma visão da arte como encantamento. Não é um grupo formalizado e sim a união de artistas de muito talento e que estão realizando trabalhos excelentes (com a direção de Villela e produção de Claudio Fontana).
Sem desmerecer nenhum dos atores com os quais tem trabalhado, ¨tem 3 pulmões e 10 diafragmas. Quando ele abre a boca é um rugido de deus. Um trovão mesmo quando a palavra dita é complexa. Ele impala a plateia pela voz. Uma quantidade infinita de tons dramáticos, como dizem Babaya e Francesca Della Monica¨. ¨Chico é um grande mistério: Beatriz da música de Chico Buarque ao contrário, com barba¨, finalizou.
Villela contou que um dia, durante os ensaios de A tempestade, que fez temporada no Tucarena, Chico ¨sumiu dos ensaios¨. Pediu para o ator dizer o motivo.
Segundo Chico Carvalho, ele foi reconhecer o palco arena e ver as saídas do local, para que se algo desse errado nas apresentações, ele soubesse por onde fugir.
Como para Carvalho atuar é estar sempre à beira do precipício, o teatro italiano, pela estrutura, faz com que o ator tenha como disfarçar algum problema, pois tem a luz e sombra para esconder ou dar foco a algum detalhe da cena.
O ator de costas para a plateia pode criar ali cenas, conversas com os colegas de palco. Já na arena, como isso não pode ser feito, a apreensão é bem maior.
De qualquer maneira, fez questão de salientar que essa apreensão não acontece sob a direção de Villela. Ele dá ao ator todos os subsídios para que o trabalho tenha consistência e coloca claramente que o ator é um enganador o tempo todo, um enganador que apresenta uma fábula recheada de magia.
Respondendo a questões do público, Chico Carvalho disse que conhece pouco o Brasil e isso é uma falha sua. Rosinaldo Luna, ator e diretor potiguar, o questionou sobre a cultura nordestina.
Chico Carvalho expressou a sua admiração por Ariano Suassuna, um artista que nunca se vendeu, nunca deixou a sua essência popular em nome de sucesso, pelo contrário, só aceitou que suas obras fossem para a TV se fosse preservada a sua essência popular. Nunca teve medo de dizer que as suas obras não eram originais, eram sim baseadas na tradição de seu povo, nas histórias que conhecia da cultura popular que tanto amava.
Também salientou, a partir de um questionamento do prof. Luiz Marfuz (professor-adjunto da Escola de Teatro da UFBA) sobre a necessidade de se reivindicar a importância do teatro na sociedade, que a cultura é um patrimônio público. O teatro, como sempre disse Antunes Filho: ¨é civilizatório¨, é um meio para a sociedade ficar mais atenta.
Como leitor voraz que é, apaixonado por Machado de Assis (fez inclusive lives com leituras de textos do escritor e a sua tese de doutorado tem o escritor como tema, Chico Carvalho indicou (a partir de um questionamento realizado pelo site #deolhonacena) a leitura de seus livros como essenciais para a formação de um artista.
O que mais o encanta em Machado de Assis, além do seu modo de escrever, é a forma como ele aborda a aristocracia, com a criação de personagens afetados e a estrutura escravocrata.
Segundo Carvalho, Machado é teatral tanto na prosa como nos contos. Disse que está mergulhado em um volume completo de cartas escritas e recebidas pelo escritor, e indicou a leitura.
Também indicou a obra intitulada A juventude, de Machado de Assis - 1839-1870: ensaio de biografia intelectual. Livro de Jean-Michel Massa.
Na sua opinião, é preciso ler os grandes clássicos, mas é importante ler de tudo. Disse que é assíduo leitor de jornal e de poesias. Se não for possível ler obras completas, é importante pelo menos a leitura de partes das mesmas.
E o mais importante: ¨ler com prazer! ¨.
Alguns comentários sobre o evento:
From Mariana Pedroso de Moraes to Everyone: 06:13 PM
Eu passaria um dia inteirinho, ou uma semana, assistindo a esta palestra.... Estou realmente encantada com esse mar de conhecimento... Chico tem uma visão tão completa, não apenas do teatro, mas de diversas linguagens artísticas... que alegria participar hoje!
From Rosinaldo Luna to Everyone: 06:15 PM
Eu também, Mariana Pedroso. Eu me venho esperando as terças com uma ansiedade adolescente. Aí chega a terça e recebemos esse tipo de entrevistado. Maravilhoso.
From NEYDE Moura to Everyone: 06:16 PM
Que presente!! Não tem preço!!
From JOSÉ CARLOS SERRONI to Everyone: 06:18 PM
Chico. Estou pasmo com a sua fala. Encantado!
From Gil Vicente Tavares to Everyone: 06:19 PM
"Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor." Samuel Beckett
Inscrições abertas à aula/entrevista com Cynthia Margareth e Pedro de Freitas!
@cynthia.margareth.aflorar
@opedrodefreitas
Link disponível de 11 a 14 de Novembro:
https://docs.google.com/forms/d/13Lujcq5telM2oemievwp6nxx_n3IscdRblZJuzUJzRc/viewform?fbclid=IwAR1LLCjAxcj1wQ6Byj7aB9cdxOHzNU6kmxmfF86JSDkGNEKoRvcYNq9lmTs&edit_requested=true
O evento é gratuito e aberto ao público, desse modo não há seleção. Basta realizar sua inscrição e conferir o seu e-mail para abrir o link encaminhado no dia do evento.
Você não vai perder uma oportunidade dessas, não é?
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