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Entrevistas e dicas de espetáculos

Projeto de Extensão “A cadeia criativa do espetáculo teatral contada e cantada por quem o faz” - Como foi o encontro realizado com Caetano Vilela
Publicado em 29/10/2020, 14:00
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Seminário A Cadeia Produtiva do Espetáculo Teatral Contada e Cantada Por Quem o Faz
#Deolhonacena por Nanda Rovere

Idealização Prof.ª Deolinda de Vilhena. Colaboradores: Professores Sergio Sobreira e Gil Vicente Tavares.
Encontros: Gabriel Villela (padrinho das aulas/entrevistas e sempre prestigiando), Claudio Fontana, Eduardo Da Luz Moreira, José Carlos Serroni, #bialessa, Gil Vicente Tavares, Marcelo Praddo, Paulo de Moraes e Caetano Vilela.

O oitavo encontro não poderia ter sido melhor; contou com a presença de CAETANO VILELA, ator, diretor e iluminador de grande talento e sensibilidade.
Mediação:
Gil Vicente Tavares - diretor, dramaturgo, compositor e professor da Escola de Teatro da UFBA
e
Anna Rodrigues - Produtora Cultural, Publicitária e Doutoranda em Cultura e Sociedade (PosCultura/UFBA), mestra em Artes Cênicas (PPGAC/UFBA).


Com a mesma qualidade das demais, a aula/entrevista foi muito informativa, mas também prazerosa.
Nenhum texto consegue dar conta da riqueza das falas dos convidados, mas deixar o registro dos momentos mais interessantes do evento é uma maneira de mostrar o quanto a trajetória profissional dos artistas entrevistados é especial dentro da história das artes cênicas no Brasil.

São artistas que possuem visões sobre o fazer teatral que merecem respeito e que têm em comum a paixão pelo ofício.
A aula/entrevista com Caetano Vilela contou com reflexões pertinentes sobre o teatro, especialmente sobre a iluminação (a dramaturgia da luz). Vilela é um artista que leva para os palcos não a luz somente enquanto técnica, mas segundo ele mesmo: ¨A LUZ É A DRAMATURGIA DO CORPO PRESENTE. ELA NÃO ILUMINA: ELA REVELA. LUZ É CONHECIMENTO".
Além da grande experiência como iluminador de espetáculos teatrais e trabalhos significativos como ator, Caetano Villela é um nome de destaque no mundo da ópera no Brasil e no Exterior, com montagens que dão às obras um caráter contemporâneo. Entrar para o mundo operístico foi um sonho realizado e ouvir as suas histórias causa encantamento.
Foi considerado pela revista de ópera alemã Neue Merker (2008) o iluminador brasileiro, especializado em ópera, mais importante da atualidade.

Foi selecionado, junto com outros artistas brasileiros, para representar o Brasil na Quadrienal de Praga (Performance Design and Space), exposição mundial de criadores da área teatral, em julho-2015 na Tchecoslováquia. Para saber mais: https://www.artematriz.com.br/caetano-vilela/

Entre tantas realizações profissionais, teve importância fundamental no Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Belém (onde montou, por exemplo, O Navio Fantasma, de Richard Wagner), e no Festival Amazonas de Ópera, em Manaus, no Teatro Amazonas.
O Anel do Nibelungo, um ciclo de quatro óperas épicas do compositor alemão Richard Wagner, O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, Carmen, de Georges Bizet, a sua primeira ópera como diretor, estão entre os destaques do seu currículo extenso.
O encontro foi uma oportunidade ímpar para que o artista salientasse a importância desse gênero artístico na sua trajetória, dando voz a uma manifestação artística que não é valorizada como merece no Brasil.

Anna Rodrigues pediu para Caetano Vilela falar da sua trajetória e como descobriu a sua vocação para a arte.
O artista disse que é autodidata. É o primogênito de cinco irmãos. Teve uma vida simples, cuidava dos irmãos e trabalhava na papelaria do seu pai. Só ele se interessou pelas artes e desde muito cedo cultivou o hábito da leitura. É um leitor voraz.
Deixou a escola na antiga oitava série porque nunca foi compreendido.
Nasceu na Zona Leste São Paulo e estudava numa escola de fraca qualidade, nunca se adaptou ao universo limitado das aulas. Era muito ativo e estudar o dispersava, apesar de ser bom aluno.
Sempre organizava eventos culturais e o que o disciplinava era o teatro. O seu aprendizado, para a arte e a vida, sempre ocorreu através de muitas leituras e com a prática. Saiu da escola para participar de um grupo de teatro e viajou bastante como ator, adaptando textos e dirigindo.
Participou de todos os workshops possíveis pois acreditava, na época - e devido a leituras de autores como Goethe - que o ator se forma na prática. Os grupos de teatro, voltados a trabalhos de pesquisa, também lhe deram muito conhecimento.
Disse também que durante a sua trajetória contou com a ajuda de grandes mestres das artes (os seus tutores para a obtenção de um conhecimento múltiplo).
Nunca se arrependeu de não ter se dedicado a um estudo formal, mas, na companhia da amiga Mika Lins, decidiu realizar terminar os estudos cursando o CEJA, uma espécie de supletivo em que o aluno estuda a seu tempo.
Esse curso foi importante porque o colocou em contato com pessoas que precisaram parar de estudar para o seu sustento e agora precisavam do diploma nas suas áreas de trabalho, mostrando o quanto foi um privilégio parar de estudar por decisão própria.
Além disso, com a pandemia e a incerteza de quando o teatro poderia voltar, começou a prestar concursos públicos que exigiam o diploma.
Ao citar esse detalhe sobre as incertezas com relação à profissão devido à quarentena, fez algumas observações sobre este momento complicado pelo qual estamos passando.
Para Vilela, a pandemia está sendo um momento único para rever toda a sua caminhada na arte - 30 anos de dedicação ao teatro.
Num certo momento, ficou um pouco depressivo com relação a esses tempos, visto que não sabemos com exatidão quando tudo será resolvido, mas reavaliar a sua vida tem sido de suma importância. Reavaliar as escolhas para traçar com precisão um caminho promissor para o futuro.
Não tem projetos on-line no momento, mas acabou de assinar a luz de Pós F, espetáculo com direção de Mika Lins e que contava com Maria Ribeiro no palco do Teatro Porto Seguro (transmissão on-line e sem público presencial), interpretando textos de Fernanda Young.
Gostou do resultado, mas contou que foi árdua a experiência, pois além do talento do iluminador, a qualidade da transmissão depende de um bom sinal de internet e do equipamento utilizado.
Segundo Vilela, foi muito complicado para descobrir o melhor jeito para a luz se adequar às necessidades da câmera.
Mesmo com muita experiência, teve que descobrir tons de cores, o melhor jeito para a emissão da luz, qual intensidade usar, entre tantos detalhes relacionados à técnica de luz que no vídeo difere, e muito, das técnicas utilizadas no teatro. O resultado foi realmente excelente.

Gil Vicente Tavares perguntou sobre uma experiência de trabalho na Colômbia, que foi um fracasso, mas que mesmo assim Vilela relembra sem nenhuma mágoa.
Vilela declarou que aprende mais com os seus fracassos e o seu começo como iluminador foi desastroso.
Viajou para o Festival de Teatro Manizales acompanhando a diretora Beth Lopes como assistente de direção e como conhecia todo o desenho de luz do espetáculo, acabou assumindo a função de técnico de luz. O problema é que não tinha nenhuma formação técnica e isso ocasionou graves problemas.
Conta que era um momento em que as FARCS dominavam o país e os policiais acompanhavam todas as apresentações, controlando o ir e vir das pessoas e isso já era motivo de stress. Além disso, o seu desconhecimento técnico (não sabia nem marcar os canais de luz) provocou muitas dores de cabeça, desde o atraso do início de sessões (com o público pedindo a devolução dos ingressos e policiais entrando no teatro para saber o motivo de tanta espera, até a apresentação exceder o tempo em virtude da discrepância existente entre a luz projetada no palco e as marcas dos atores.
Depois dessa aventura, ao chegar no Brasil, foi em busca de todas as publicações disponíveis sobre a área. Fez questão de citar que também aprendeu com profissionais da "velha guarda". E entre tantos artistas, mencionou Wagner Freire e Domingos Quintiliano.

Anna questionou Vilela sobre como surgiu a vontade de dirigir. "Somos escolhidos", opinou, sinalizando que quando chegou da Colômbia se dedicou ao ofício de técnico de luz para sobreviver e, ao mesmo tempo, através de leituras que lhe foram indicadas por Jaime Compri, do grupo Boi Voador, descobriu Meyerhold e se deparou com um estudo do teórico teatral russo sobre Richard Wagner e começou a se interessar por óperas.
Ficou tão encantado com esse compositor que começou a ouvi-lo e a estudar a sua obra para o teatro e a ópera. Foi aí que nasceu o desejo de dirigir espetáculos na área.
A sua fala foi além do questionado e abordou também os seus trabalhos com diretores de teatro.
Disse que estabeleceu parcerias com poucos diretores devido à sua paixão por grupos. Teve a oportunidade de trabalhar com Ulysses Cruz, no Boi Voador, Beth Lopes (Boi Voador e depois na Cia de Quadrinhos; Iacov Hilell na ópera, Gerald Thomas na Cia Ópera Seca (iluminador e diretor), Zé Celso no Teatro Oficina e Antunes Filho no CPT (como ator).
Como nunca teve uma visão tecnológica (e sim teorizada e artística), seja como ator, diretor ou iluminador, isso também dificultou o seu contato com criadores porque para criar a luz de um espetáculo precisa estabelecer com o diretor do mesmo um diálogo onde impere a liberdade para criar.
Como Gabriel Villela acompanha o seminário, fez questão de dizer o quanto o admira.
Contou que O Concílio do Amor, que Gabriel Villela dirigiu em 1990, com o Boi Voador, mudou a sua vida. Foi um espetáculo que o impulsionou a querer viver da arte.
Sempre carregou o desejo de assinar a luz de seus espetáculos, até que surgiu a oportunidade com a montagem de Rainhas do Orinoco. William Pereira, que assinava os figurinos (e também é talentoso diretor de óperas e espetáculos de teatro) foi quem os apresentou. Um encontro muito especial, vale dizer.

Tavares questionou Vilela sobre a experiência de trabalhar com Gerald Thomas e de assumir a Cia Ópera Seca.
Reforçou que o seu encontro com Thomas foi essencial, evidenciando que alguns espetáculos o fizeram decidir que realmente a sua vocação era seguir a carreira artística: O Concílio do Amor, de Óscar Panizza, direção Gabriel Villela, com o grupo Boi Voador; Leonce e Lena, de Georg Büchner, direção de William Pereira e os seguintes trabalhos do Gerald: Eletra com Creta e A Trilogia Kafka.
Com Gerald Thomas começou a trabalhar como ator e produtor, mas o diretor acabou lhe dando a função de iluminador de suas peças. Um momento marcante da trajetória de Vilela, que lembra com carinho da experiência.
Quando Thomas decidiu deixar a Cia de Ópera Seca, Vilela decidiu assumi-la, formando um núcleo de atores com o qual montou Travesties, texto de Tom Stoppard.
Travesties (que não tem nada a ver com o termo ‘travestis’) é uma farsa sobre o papel da Revolução nas Artes e coloca em pauta o papel do artista no mundo, numa trama que se passa na Revolução Russa, ambientada na cidade suíça de Zurique.
A peça estreou no Festival de Curitiba em 2010, mas não seguiu carreira nos palcos.

Anna perguntou se Caetano tem acompanhado as grandes óperas em Manaus e qual a importância de sua experiência como diretor do Festival Amazonas de Ópera no Teatro Amazonas.
¨Foi um divisor de águas na minha vida. Um Solimões¨, respondeu o artista, que trabalhou no evento durante 11 anos.
Foi participar do Festival acompanhando o diretor Iacov Hillel como assistente e mesmo depois que Hillel não participou mais da direção das produções, o talento de Caetano chamou a atenção dos organizadores e ele foi convidado para integrar o time de profissionais.
Foi a oportunidade que esperava para permanecer no rol dos grandes encenadores de óperas, visto que a área é muito fechada.
Acredita que a ópera não é de elite e por isso faz encenações que buscam colocá-la no mesmo patamar das encenações teatrais. Colocou em pauta uma questão importante: a falta de apoio e acesso aos espetáculos de ópera é resultado da falta do apoio governamental. No exterior, existem grupos subsidiados pelos governos e isso facilita tanto a promoção quanto a propagação dos espetáculos.
Foram anos de trabalhos intensos e, como a ópera exige que todos se preparem com muita antecedência para a criação e estreia da produção, pela primeira vez chamou a ajuda de um assistente para auxiliá-lo.
Em Manaus começou a entrar em contato com artistas estrangeiros e a ser convidado para trabalhar no exterior.
Entre os grandes trunfos das suas realizações na área das óperas, começou a assinar a direção em 2002. Foi o desenvolvimento de uma forma teatral para encenar as óperas, quebrando o realismo e imprimindo um estilo moderno com influência da cultura pop e especialmente do rock (estilo musical que aprecia).
Fez questão de frisar que os eventos relacionados à ópera em Manaus (e também em Belém) empregam mais do que a Zona Franca. Além disso, formou muito profissionais, sendo o maior exemplo o atual secretário de cultura, Marcos Apolo, que começou fazendo todos os serviços possíveis na área de mão de obra para colocar em pé uma produção, foi estudar Arquitetura e hoje ocupa um cargo de responsabilidade.

A partir de uma questão de Gil Vicente Tavares sobre o seu processo de criação na luz e escolha de repertório, Caetano informou que a luz muda de acordo com o seu trabalho.
Sugeriu que os participantes do seminário entrassem no seu site para compreender melhor o seu processo e disse que não consegue fazer para outro diretor o que faz na sua direção. É um processo muito particular e Caetano conduz a sua luz (o seu desenho de luz) para o foco em que ele deseja que as pessoas prestem atenção.
Com relação ao planejamento dos espetáculos, disse que sempre tem o chamado plano B, caso aconteça algum imprevisto.
Como exemplo, citou o projeto Os Troianos, de Berlioz: tinha elaborado uma ambientação na Biblioteca de Alexandria, mas pouco tempo antes da produção tomar forma, o orçamento foi cortado e ele precisou mudar a sua concepção cênica.
Como parte da trama se passava na África, Vilela criou a cenografia de um terreiro onde estavam presentes os mitos gregos e os orixás. (LES TROYENS | OS TROIANOS Festival de Ópera de Manaus direção Caetano Vilela 2009). Trecho da ópera: https://www.youtube.com/watch?v=lrnJ5SGLMpU

Comentários do público. Entre tantos elogios, algumas observações ¨mais completas¨ merecem atenção especial:

From Mauricio Pedrosa to Everyone:
Adorei Caetano!!!! Ele diz que é um pouco "prolixo", Mas, ele é totalmente...Maravilhoso. Um sonho de qualquer entrevistador. Seus caminhos são maravilhosos e suas histórias são deliciosas de ver e ouvir. Me remeteu a várias histórias e experiências pessoais. Vontade de vê-lo contar outras histórias com uma cerveja.
Acho uma lindeza que as pessoas deixam suas câmeras abertas. As expressões do Gabriel Vilela – (primo rico rsrs) em algumas falas do Caetano é instigante. Dá vontade de saber o que ele estava pensando na hora que aconteceu aquela especifica fala...maravilha.

From Me to Everyone: #deolhonacena Nanda Rovere
Sempre que vejo os trabalhos do Caetano, sempre penso no quanto o que ele faz é inovador, interessante, seja na luz, seja na direção das óperas.

From Silvana Moura to Everyone:
Estou maravilhada com a entrevista do Caetano Vilela. Gratidão por essa oportunidade. Bravo!!!

From Rochelli Messias to Everyone:
Quero agradecer a oportunidade de participar de um momento ímpar como esse. Excelente entrevista. Excelente trabalho de todos! Obrigada Ana Rodrigues, pela indicação. Abraços!

From Lucio Tranchesi to Everyone:
Caetano é incrível! De uma humildade e de uma sabedoria emocionante.

From MARIANA PEDROSO DE MORAES to Everyone:
Caetano, estou encantada com a sua fala do início ao fim, me reconheci em praticamente todas as suas reflexões. É sensacional quando descreve com transparência, sobre o seu "modus operandi" mais artístico-criador do que técnico-operacional.
From Cristiane Pinho to Everyone:
Que momento rico esse compartilhamento! Muito grata por essa Luz.

O Seminário A Cadeia Produtiva do Espetáculo Teatral Contada e Cantada Por Quem o Faz estará com Miguel Falabella no dia 03 de novembro de 2020.
O link para inscrições exclusivas e gratuitas até às 23:59 do dia 31 de outubro:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScX-EIh9nuNlb8Vz-C9slz8d1K80bua5eVjbAKY_8QmhRRh-w/viewform?fbclid=IwAR3WCy47jJEblrqbAsz_oFoiPHAzUEyMhiIpDz2Lfeimug5irWsmOCXh8r4
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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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