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Projeto de Extensão “A cadeia criativa do espetáculo teatral contada e cantada por quem o faz” – como foi o encontro realizado com Eduardo Moreira
Publicado em 24/09/2020, 17:00
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Projeto de Extensão “A cadeia criativa do espetáculo teatral contada e cantada por quem o faz”
Um breve relato do encontro realizado com Eduardo Moreira do Grupo Galpão

EDUARDO MOREIRA - ATOR DIRETOR E DRAMATURGO DO GRUPO GALPÃO

A Prof.ª Deolinda França de Vilhena começou o evento salientando a importância do Grupo Galpão, de Belo Horizonte/MG, para o teatro.
Quem a conhece sabe da devoção que ela tem por Paris e pelo Grupo de Teatro Du Soleil.
Deolinda fez questão de dizer que o Soleil e o Galpão são os grupos que mais a encantam.
"O Galpão está para o teatro brasileiro assim como o Soleil está para o francês. Com o Galpão, está acesa a chama da ética do ator e do teatro. Fala do regional, de Minas, e atinge o universal. Um grupo que dialoga com o popular e o erudito, com a rua e com o palco. Fazem universal o regional brasileiro", elogiou.

A terceira edição do Seminário foi conduzida pelo professor, diretor, dramaturgo e compositor Gil Vicente Tavares e por Sophia Colleti, mestranda do PPGAC/UFBA, diretora e dramaturga.

Gil Vicente Tavares pediu para Eduardo Moreira falar como o grupo surgiu, para que as perguntas seguintes tivessem uma teia de raciocínio compreensível a quem conhece ou não o Galpão.
O Grupo, como todos que acompanham teatro sabem, surgiu em 1982, em Belo Horizonte, a partir de uma oficina com artistas alemães, do Teatro Livre de Munique, as quais foram realizadas nas ruas de Diamantina/MG. Como resultado, surgiu o espetáculo A Alma Boa de Setsuan, de Brecht.
Foi um trabalho muito importante, intenso, épico, e que mostrou a força da linguagem do teatro de rua aos atores do (futuro) Galpão.
Teuda Bara, Eduardo Moreira, Wanda Fernandes, Fernando Linares e Antônio Edson, todos oriundos da oficina, fundaram o Grupo logo em seguida, e estrearam a peça E a Noiva não quer Casar. Desde então, já se passaram 38 anos.
O grupo prima pela pesquisa de linguagem, pensando a médio e longo prazo, buscando sensibilizar o público com os seus trabalhos.
O estudo da música, que hoje é referência na trajetória do grupo, foi uma decisão com o objetivo de que a comunicação com o espectador se tornasse cada vez mais imediata.
E um marco com o uso de instrumentos e do canto foi Romeu e Julieta, com direção de Gabriel Villela, porque eles formaram uma banda de músicos pela primeira vez.

Caminhando pela linha da relação do Galpão com o seu público, Sophia Colleti indagou se existe estratégia de fidelização para conquistar as pessoas.
Segundo Moreira, desde E a Noiva não quer Casar, de 1982, em que atuavam em pernas de pau, eles já conquistaram um espaço.
Tiveram a coragem de encarar a rua durante a ditadura, época em que a polícia ocupava o espaço público.
A peça tinha problemas na sua elaboração, mas foi marcante porque reuniu cerca de 700 pessoas na praça Sete, marco central de Belo Horizonte.
Neste sentido, Moreira sinaliza que o Galpão abriu lugar para que outros grupos de teatro surgissem e para uma maior valorização do espaço público.
O Grupo Galpão se constituiu, no decorrer dos anos, em uma instituição da cidade. Os moradores têm orgulho do Galpão ser uma trupe de BH. Além disso, muita gente começou a fazer teatro após assistirem aos espetáculos.
O Grupo sempre teve fortes laços com a comunidade e essa relação é para Eduardo preciosa para garantir o sucesso e a simpatia com o público.
Moreira conta que a descoberta do quanto um artista precisa estar envolvido com a comunidade na qual está inserido ocorreu através de Eugenio Barba, que os acompanhou na Itália, no final da década de 80, quando participaram de diversos festivais no país europeu. Lá, a relação dos grupos de teatro com a população local é muito valorizada.
"A função do artista é lutar pelo teatro e para isso é preciso ganhar o público e mostrar como o teatro é um lugar de comunhão", destaca.
Moreira também assinala que um grande mérito do Galpão é viajar para pequenos lugarejos, muitas localidades sem nenhum acesso à arte. E para sempre estar em contato com o seu público, realiza oficinas e encontros.
Credita que além dessa relação próxima com o público, o que também garante a excelente receptividade por onde passa, é não ficar preso a uma linguagem teatral.
"O Galpão ficou conhecido por causa da rua e ela é louvável, mas só a magia do palco permite trabalhos mais contidos", afirma Moreira.
Ainda com relação à linguagem, o ator diz que o grupo no início tinha uma estética europeia por conta sobretudo da oficina com os artistas alemães, mas foi com Corra enquanto é Tempo, e depois com Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, direção de Eid Ribeiro, que eles fizeram espetáculos de caráter brasileiro.
Corra enquanto é Tempo, de 1987, falava sobre a espetacularização da fé, com uma trama em que crentes disputavam o espaço público com uma travesti.
A brasilidade do grupo ganhou mais força com a chegada de Gabriel Villela (nas palavras de Moreira, mestre da cultura popular).
O Galpão vinha de um fracasso e foi o diretor Ulysses Cruz quem os apresentou; Villela queria voltar às suas raízes mineiras e o encontro com o Galpão foi um bálsamo que o ajudou a nunca abandonar a humildade.
Foi um encontro de luz que gerou três excelentes trabalhos: o tão falado, merecidamente icônico, Romeu e Julieta, nas ruas e praças; A Rua da Amargura, com uma parte na rua e a outra no palco, também excelente, e o mais recente, e também de muita qualidade e encenado na rua, Os Gigantes da Montanha.

Gil Vicente Tavares destacou a diversidade estética do grupo, o qual trabalhou com diretores de diferentes vertentes como Gabriel Villela, Paulo José, Cacá Carvalho e Marcio Abreu.
Além de ser um dos princípios do Galpão a não- acomodação, o que mais chamou a atenção de quem aprecia teatro foi a busca de desafios e do aprimoramento através da parceria com artistas de pensamentos múltiplos e estéticas diversas
O que rendeu um pouco de sossego para a conquista do sucesso e o cumprimento dos objetivos foi a chegada do patrocínio, pois a partir desse momento é que puderam pensar em projetos a médio e longo prazo, e o grupo pôde se dedicar às pesquisas, sem nunca abandonar o espírito mambembe.
Foi em A Rua da Amargura que eles conseguiram o primeiro patrocínio, e junto com a sede, que já existia e permanece no mesmo lugar, é que o Grupo conseguiu concretizar o seu ideal de organização e pôde planejar os projetos para estarem cada vez mais próximos da população.

Também impulsionado por uma questão de Gil Vicente sobre o sucesso do Galpão Cine Horto, cinema recuperado onde realizam cursos e apresentações de espetáculos, Moreira disse que manter o espaço é sempre desafiador porque, se ele garante um contato mais estreito com a população de Belo Horizonte, administrá-lo necessita de muita dedicação e a permanência no local vai na contramão do desejo de todos do grupo de nunca deixar de viajar com as montagens.
Uma estratégia após muita conversa foi a permanência de Chico Pelúcio no Cine Horto e o seu consequente afastamento dos palcos e ruas. E o que dificulta um melhor aproveitamento do espaço é a falta de apoio do poder público para que o Cine Horto funcione sem intempéries.
Com certeza é pelo compromisso com o seu público, em especial com a sua comunidade - além do talento, claro - que o Grupo Galpão hoje é a mais importante trupe em atividade no país. Eduardo e todos os integrantes acreditam no teatro como meio de transformação e se dedicam totalmente ao ofício de interpretar; estão sempre buscando desafios e pensando também na administração do Grupo como uma empresa (na forma de cooperativa) para que consigam sobreviver da arte e possam realizar espetáculos da mais alta qualidade.
"A arte é o lugar de transformação e da loucura, e temos que fugir do hábito porque ele é o lugar da pequenez". Eduardo Moreira

Manter a organização de um grupo por 38 anos com certeza não é tarefa fácil e por isso várias questões sobre gerenciamento foram expostas, como a decisão de quais peças serão encenadas e quais os diretores serão os responsáveis pela montagem.
As decisões são tomadas a partir de discussões intensas. Elas nunca são unânimes e por isso os integrantes possuem a abertura de participarem ou não de um projeto.

A política cultural e o momento complicado em que vivemos de total desrespeito à arte, motivo de uma fala do ator e produtor Claudio Fontana sobre o quanto a cultura gera renda, fez surgir a seguinte questão: como mostrar a importância da arte para a economia?
Moreira disse que ainda consegue algum diálogo no âmbito do governo municipal, mas com o governo do Estado e o presidente isso é impossível no momento.
Para ele, é inquestionável que os artistas movimentam a economia e que é óbvio que um governo fascista como de Bolsonaro quer acabar com a cultura. A burrice é tamanha que jamais entenderão que a arte é "o selo de qualidade de um país".
Como exemplo de renda, citou que quando o Galpão viaja com os trabalhos precisa de hotel, motorista, alimentação, carregadores e outros profissionais para que a turnê seja possível.
"O mais importante, no entanto, é o valor imaterial da arte". Nas suas palavras, ¨um país só se constitui como uma Nação ao valorizar a sua cultura¨.
Esse momento de total descaso do presidente ocasionou a perda de um patrocínio da Petrobras, que garantia a sobrevivência dos integrantes e a viabilização dos ensaios, temporadas e viagens.
Foi um baque a perda desse apoio, mas o valor do Galpão fez com que eles conseguissem novas parcerias.
A gestão do grupo permanece firme e forte nos princípios de oferecer teatro de alta qualidade e com responsabilidade social, mas com a pandemia novas inquietações surgiram, já que o isolamento fez com que as produções precisassem parar (e o tempo de duração ainda é incerto).
Os integrantes do grupo continuam se reunindo on-line para que projetos ganhem vida.
Acabaram de lançar um filme que fala das inquietações do confinamento, o suposto ensaio de uma peça e como é lidar com o cotidiano em casa para artistas que têm alma cigana.
Já estrearam uma série de entrevistas com artistas essenciais na história do Grupo. A estreia foi com Gabriel Villela e a matéria já está no ar, no youtube.
O próximo projeto será um espetáculo baseado em histórias enviadas por fãs do grupo espalhados por todo o Brasil. Também continuam com A Hora do Café, pequenos vídeos em que os atores do grupo contam “causos” desses 38 anos de estrada.

Uma das questões propostas por Gil Vicente Tavares foi como acontecem as escolhas dos textos e diretores.
Eduardo Moreira informou que as discussões são profundas e nunca unânimes. Claro que vence a opinião da maioria e os integrantes possuem a liberdade de participarem ou não dos projetos, valorizando assim a individualidade de cada um. Além disso, realizações de projetos fora do grupo são bem-vindos para que os artistas tenham a oportunidade de vivenciar outras experiências artísticas e transitar por outras áreas do fazer artístico.
As escolhas dependem do momento em que o grupo vive, das inquietações da arte e do país, e sempre prevalecendo o desejo de nunca ceder à acomodação.
Citou alguns momentos na história do Galpão que foram cruciais na determinação da arte como pesquisa e sempre com parcerias marcantes e diversificadas.
Gabriel Villela foi um divisor de águas. Levou o Galpão para o mundo e a comunicabilidade de Romeu e Julieta é algo sempre lembrado por todos que assistiram ao espetáculo.
Com Paulo José, entraram em contato com a valorização máxima da palavra e com a trajetória de um artista que trazia consigo a tradição do rádio e a cultura hippie, com as montagens de Um Homem é Um Homem, de Bertolt Brecht, e O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol.
Tio Vânia, de Anton Tchekhov, direção Yara de Novaes, aconteceu quando os atores beiravam os 50 anos e quiseram falar um pouco sobre o seu ofício, sobre o outono da existência.
Na opinião de Moreira, todos os atores devem passar pelas obras do autor russo.
Já os últimos trabalhos com Marcio Abreu, Nós e Outros, tiveram um caráter performático e político, falando sobre as relações humanas.

Tavares perguntou sobre os sonhos de Moreira e do Galpão.
No vídeo da entrevista do Galpão com Gabriel Villela foi exposta a vontade de um novo encontro entre os artistas e o texto citado foi Hamlet, que Gabriel pretende montar. Na visão do ator, interpretar Hamlet é um presente, pois Shakespeare é o dramaturgo sobre cujas obras a humanidade mais dedica escritos, especialmente Hamlet.
"A vontade de ir atrás dos sonhos é extraordinária. Manter a chama viva é o que me move", declarou.
A abertura para que os participantes também deixem registradas as suas perguntas geraram falas que mostram o quanto o Grupo é querido por quem ama teatro.

A música, com o domínio do canto e do instrumento, foi alvo de elogios.
Eduardo Moreira fez questão de dizer que se hoje o Grupo Galpão é reverenciado pela qualidade musical dos seus trabalhos, a qualidade foi conquistada graças à competência de grandes profissionais da área.
Babaya, por cuidar da saúde da voz de todos desde Romeu e Julieta e por sua ajuda aos atores na criação das vozes dos personagens; Ernani Maletta, que, a convite de Villela, implantou o canto coral em A Rua da Amargura; Fernando Muzzi, que desde Romeu e Julieta cria belos arranjos, e a italiana Francesca della Mônica, que, também a convite de Gabriel, fez um impressionante trabalho de espacialização da voz em Os Gigantes da Montanha.

O Grupo Galpão é conhecido pelo teatro de rua e preza muito estar na rua como também nos palcos.
Estar na rua é estar aberto ao inusitado. Moreira assinala que o ator fica mais destemido, se despe mais e aprende a lidar melhor com as adversidades.
"O ator tem que entender que quando está numa praça ele é o intruso", diz.
Um fato interessante que demonstra o valor do respeito a quem está na rua aconteceu em Morro Vermelho, distrito rural de Caetés.
Em frente à Matriz do lugarejo havia um senhor chamado Zé que sempre interagia com os atores nos ensaios. Para que todos aprendessem a lidar com interferências, respeitando os seus interlocutores, o diretor Gabriel Villela deu passe livre para o cidadão icônico de Morro Vermelho transitar por toda a veraneio.
"Não era o Zé que invadia o nosso espaço e sim nós que invadíamos o espaço dele", reflete.

O diretor Gabriel Villela fez questão de sinalizar um problema apontado por Eduardo Moreira durante as apresentações de Os Gigantes da Montanha, de Luigi Pirandello, na praça do Papa, em Belo Horizonte: a burocratização que tem dificultado para o artista se apresentar na rua.
Obviamente preocupado com o país e a nossa cultura, Villela não se conforma (e não é pra menos) com o descaso para com os nossos artistas.
Inconformado com a destruição de uma estátua em homenagem ao dramaturgo Ariano Suassuna, o diretor usou como exemplo esse ato criminoso para expressar a sua preocupação com o futuro da nossa cultura, que o está atormentando cada vez mais.
Sobre essas observações, Moreira disse que a região da Praça do Papa comporta e elite da cidade e a visão fascista busca podar a expressão do artista, promovendo dificuldades para a sua presença, impondo taxas absurdas para as apresentações e medidas como mobilização de ambulâncias e grades de proteção, medidas de segurança louváveis, mas que tinham que ser implantadas com a ajuda do poder público, que se esquiva em oferecer qualquer tipo de apoio.
Devido a essa situação, acaba sendo mais oneroso apresentar-se nas ruas do que no palco.
O caso ocorrido com a estátua de Suassuna é sinônimo do descaso com a arte popular e é o resultado de um projeto perverso de destruição da cultura. Um sufocamento das instituições culturais para elas serem controladas por religiosos e pessoas mal-preparadas.

O ator e produtor Claudio Fontana fez a seguinte pergunta: “Ainda vale a pena subir no palco como brilhante artista que você é”?
"Estão tentando nos destruir, mas nós artistas somos apaixonados. O que nos move é a paixão e movemos montanhas. Por mais que eles tentem, não vão nos destruir. Estamos percorrendo a história de maneira marginal, mas contamos histórias movidos pela paixão. Tiramos o homem do cotidiano e os transportamos para o imaginário. O lugar do imaginário é o que nos faz humanos e sempre vale a pena", respondeu.
Para finalizar, Deolinda deixou a seguinte frase:
"Eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer". Isabela Fernandes Azevedo Silveira.

Para saber mais sobre Eduardo Moreira e o Grupo Galpão
www.grupogalpão.com.br
Na próxima semana, o convidado é o cenógrafo JC Serroni.
A aula/ Entrevista com José Carlos Serroni será conduzida por Débora Albuquerque e Gil Vicente Tavares!
Próxima terça-feira, dia 29 de setembro, às 16h30 na plataforma ZOOM.
INSCRIÇÕES GRATUITAS ATÉ ÀS 23h59 DO SÁBADO DIA 26 DE SETEMBRO!
Link: https://forms.gle/4pHMtfZuj8WexjTo6
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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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