O musical As Cangaceiras Guerreiras do Sertão, direção de Sergio Módena, exalta a força feminina e leva para o palco um elenco de excelentes atores.
O texto, de Newton Moreno, é inspirado em depoimentos de mulheres envolvidas no Cangaço, mostrando a saga de mulheres que seguem os bandos nordestinos e sofrem numa terra em que a ignorância, a violência e o desrespeito ao universo feminino imperam.
No elenco feminino estão Amanda Acosta, Vera Zimmermann, Luciana Lyra, Carol Badra, Rebeca Jamir, Carol Costa, Badu Morais....
Amanda Acosta vive Serena que acaba regendo as Cangaceiras na luta pela sobrevivência e libertação. Ela está em busca do filho e salva a mocinha (a excelente Rebeca Jamir) das garras de um cangaceiro, e logo em seguida recebe a ajuda da mãe de mocinha (um trabalho primoroso de Vera Zimmermann).
Carol Badra leva um pouco de humor para a cena, mas é o riso contido de alguém que nunca pôde viver plenamente e com as suas colegas ela se vê livre.
Luciana Lyra é a viúva que acaba traindo as companheiras por medo de represália dos cangaceiros e paga muito alto por isso.
E como não destacar também o trabalho dos atores com a prepotência e a ignorância dos cangaceiros - Marco França, Marcello Boffat, Milon Filho, Pedro Arrais, Jesse Scarpellini, Eduardo Leão - uma truculência de homens que não têm outro parâmetro para agir a não ser através da violência e ignorância.
Assim como Carol, Jessé Scarpellini e Pedro Arrais também levam um pouco de humor para a cena.
As atrizes VERA ZIMMERMAN e CAROL BADRA falam um pouco sobre os seus trabalhos e o espetáculo.
Vera Zimmermann – Deodata
Carol Badra – Zaroia
VERA ZIMMERMANN
NANDA ROVERE - O que mais te encanta no texto do Moreno e na direção do Módena?
VERA ZIMMERMANN - O que mais me encanta no texto de Newton Moreno é a genialidade com que ele conduz um personagem, com lógica, com emoção, com humor e com muito drama. E a maneira que ele escreve, as palavras que ele inventa te faz recriar o teu jeito de expressar, isso se torna um desafio e estou nessa profissão para enfrentá-los. Sergio Módena dirige com maestria e delicadeza, ele sabe o quer e te ajuda a construir o personagem dentro das tuas capacidades, aproveitando o que você tem de melhor. Direção minuciosa, atenta leve, sem ele não teria chegado aonde cheguei. Que presente ser dirigida por ele!
NR - Fale um pouco da sua personagem, o que considera mais marcante.
VZ- Minha personagem é uma ex-cangaceira , uma mulher muito forte, guerreira, justa, obstinada na criação da filha, por ela enfrenta qualquer coisa. Ela é uma Mãe protetora que se junta ao bando atrás de justiça.
NR - Qual a importância desse musical para os dias de hoje?
VZ- Esse musical é de extrema importância para os dias de hoje, já que estamos vivendo um verdadeiro desmonte da cultura, e um verdadeiro descaso sobre a situação real das mulheres. Nossa peça é de resistência, de luta; não apenas da mulher no cangaço, mas da mulher em qualquer sociedade erguida nos alicerces do machismo. O preconceito ainda está longe de acabar com o feminicídio, os estupros estão mais vivos do que nunca, por isso precisamos muito falar sobre isso.
NR - Como é estar em cartaz no Teatro Popular do Sesi, espaço com entrada gratuita e tradicional em São Paulo na área teatral?
VZ- Estar em cartaz num maravilhoso teatro como o do Sesi é uma benção, além de ser um excelente teatro com os melhores profissionais, estamos proporcionando a oportunidade de todos assistirem a esse espetáculo, já que a entrada é gratuita.
A atriz começou a carreira de atriz no início dos anos 80, quando atuou nas peças Nelson Rodrigues o Eterno Retorno e Macunaíma, com Antunes Filho. Com trabalhos de sucesso na TV e cinema, entre tantos trabalhos de destaque no teatro: Vestido de Noiva, Esperando Godot, Fausto Zero, A Ponte e a Água de Piscina, Os Saltimbancos e Replay, todas com direção de Gabriel Villela; Jesus Homem, de Plínio Marcos, direção: Marcelo Medeiros; Homelet, texto e direção de Hamilton Vaz Pereira; Dom Juan e UnGlauber, texto e direção: Gerald Thomas
CAROL BADRA
NANDA ROVERE - O que mais te encanta no texto do Moreno e na direção do Módena?
CAROL BADRA - No texto do Moreno me encanta a poesia, a carpintaria dramatúrgica, a riqueza de cada situação e personagem e principalmente a abordagem de um tema regional de maneira tão universal. A direção do Módena é precisa, segura e leve. Nestes tempos, só agradeço a delicadeza das mãos precisas deste diretor!
NR - Fale o que considera mais marcantena sua personagem.
CB - Zarôia é livre!
NR - Qual a importância desse musical para os dias de hoje?
Cangaceiras é alimento para a existência e resistência daqueles que são oprimidos.
NR - Como é estar em cartaz no Teatro Popular do Sesi, espaço com entrada gratuita e tradicional em São paulo na área teatral?
CB - É maravilhoso.
NR - Algo que queiram acrescentar?
CB - Ninguém pode perder!!!
Formada em Artes Cênicas pela UNICAMP (1995), é figurinista além de atriz. Como integrante da cia. Os Fofos Encenam desde sua fundação, atuou em Deus Sabia de tudo…, A Mulher do Trem, Assombrações do Recife Velho, Ferro em Brasa, Terra de Santo, Dar corda Pra se Enforcar. Também trabalhou com outros diretores e companhias como: mundana companhia, cia La Mínima, Maria Thais (Cia. Balagan), João das Neves, Marcio Aurélio (Razões Inversas), Rui Cortez, Ge Petean, Pedro Paulo Bogossian, Abílio Tavares, Johanna Albuquerque, Olair Cohan, Georgette Fadel, entre outros. A Pescadora da Ilusão, da Cia Los Lobos Bobos e direção de GpeteanH , está entre os seus últimos trabalhos de destaque.
Serviço:
Em cartaz no Teatro Popular do Sesi
Av. Paulista, 1.313 - Prédio da Fiesp
Em frente à estação Trianon-Masp do Metrô
Duração do espetáculo: 120 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Agendamentos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Reservas antecipadas de ingressos pelo site www.centroculturalfiesp.com.br abertas todas as segundas-feiras, às 8h. Ingressos remanescentes serão distribuídos no dia da apresentação, 15 minutos antes na bilheteria do Teatro.
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