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Entrevistas e dicas de espetáculos

ENTREVISTA com a atriz Nena Inoue
Publicado em 05/12/2017, 14:00
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Nena Inoue é um dos grandes nomes do teatro curitibano. atriz e produtora, já trabalhou com nomes (re) conhecidos do nosso teatro, como Ademar Guerra, Felipe Hirsch, Paulo José e uma das responsáveis por fazer o teatro pulsar fora do chamado eixo Rio/SP.

Acabou de fazer temporada de Murro em Ponto de Faca, de Augusto Boal e direção de Paulo José ( que tem viajado pelo Brasil desde 2011), e voltou a apresentar o seu solo intitulado Para Não Morrer, baseado na obra Mulheres, de Eduardo Galeano. Ela assina a direção com Babaya. A peça, que em São Paulo fez curta temporada no SESC Pinheiros, tem dramaturgia de Francisco Mallmann.

Nesse trabalho, Nena Inoue faz uma homenagem às mulheres famosas ou anônimas que têm importância na transformação da sociedade.

Entre as personalidades que fazem parte do espetáculo estão Sherazade, Josephine Baker, Rosa de Luxemburgo e outras menos conhecidas que foram violentadas, mutiladas, torturadas, assassinadas e muitas que foram esquecidas pela história oficial.

A atriz fala sobre a sua trajetória, sobre o teatro em Curitiba e claro que não poderia deixar de citar o trabalho do seu filho, Pedro Inoue, no espetáculo Hoje é dia de rock, direção de Gabriel Villela, que está em cartaz no Guairinha.

Vale a pena citar um pouco da sua trajetória, mas ela vai destacar alguns trabalhos que ela atuou no decorrer da entrevista.

Atriz, produtora, diretora e idealizadora de muitos projetos na sua cidade. Fundou o Espaço Cênico em 1997 e em 2001, o ACT em parceria com Luis Melo. Foi diretora Artística do Centro Cultural Teatro Guaira (2003/06) e idealizadora do Projeto Outras Leituras com a Caixa Cultural (2007/08). Ganhou o Prêmio Governador do Estado/Troféu Gralha Azul de Melhor Espetáculo em Romeu e Julieta/1994; Cão coisa e a Coisa Homem, de Aderbal Freire-Filho/2001 e Aconteceu no Brasil/2008; 8 prêmios Poty Lazzarotto, por Estou te Escrevendo de um País Distante, de Felipe Hirsch. Ajudou na produção de inúmeros espetáculos, entre eles: Temporada de Gripe; Educação Sentimental do Vampiro (melhor espetáculo de 2007 pelo O Estado de São Paulo) e Não Sobre o Amor (Prêmio Bravo! Melhor Espetáculo/ 2008) e Cinema (2010), com a direção de Felipe Hirsch.

ENTREVISTA

Nanda Rovere - Fale com a parceria com a Babaya no espetáculo Para não morrer.
Nena Inoue - A minha parceria com a Babaya é o resultado do acúmulo de outras parcerias que tivemos. Quando a Babaya veio com o Gabriel (Villela) para a montagem de A Aurora da Minha Vida, em 1997, eu tinha acabado de abrir um espaço cênico aqui na cidade e a convidei para ministrar oficinas. Ela ainda não era conhecida aqui em Curitiba, mas já era uma profissional renomada. A partir desse momento eu sempre chamei a Babaya para trabalhar e essa cumplicidade se estendeu para outros trabalhos que ela fez com o Felipe Hirsch, com a Companhia Brasileira de Teatro e com outras companhias de Curitiba.
Em Para não morrer especificamente, eu faço um solo. Nunca pensei em estar sozinha no palco, mas quando eu idealizei esse trabalho, onde queria que a palavra viesse limpa para que as histórias fossem contadas da melhor maneira possível, chamei a Babaya para me dirigir. Ela nunca assumiu a direção; prefere dizer que é minha parceira e que olha de fora para me orientar. Para esse trabalho, eu ia até belo Horizonte, ficava semanas lá e outras aqui em Curitiba. Uma semana antes da estreia, a Babaya veio para cá e o processo de trabalho foi muito tranquilo e prazeroso. Nós temos um grau de conhecimento e de confiança muito grande.

NR - Como é falar sobre mulheres tão importantes para a nossa história nesse mundo atual?
NI - É um trabalho necessário por falar de mulheres famosas e também de outras menos conhecidas. Todas são importantes porque elas abriram caminhos para a liberdade e desataram nós; romperam barreiras e deram passos a frente. São mulheres que sacrificaram as suas vidas em nome de uma causa, em nome da liberdade. Elas agiram em prol de sua cor, de sua condição social, econômica e cultural. São exemplos de luta. O público se deixa tocar por essas histórias reais e intensas, que estão na contramão de qualquer acomodamento e silenciamento. São pessoas importantes para qualquer época e especialmente nos dias de hoje, pois estamos vivendo tempos muito difíceis. Estamos perdendo conquistas e isso acontece não somente no Brasil, no mundo também. O mundo está muito à direita e essas mulheres está à esquerda, com relação à ideologia e à pratica. O que me deixa mais tocada é perceber que o público masculino também sai mexido do espetáculo ( os espectadores são de todas as idades e classes sociais).

NR - O que mais te encanta na obra do escritor Eduardo Galeano e na obra Mulheres, que deu origem ao espetáculo?
NI - Eu leio o Galeano desde a minha adolescência e hoje ele ainda me move. Ele a voz da América. Ele atravessou décadas e décadas na minha vida e na América Latina. Galeano tinha orgulho de ser latino americano. Quando lemos a sua obra também nos orgulhamos disso. Ele sempre foi muito lúcido. O que mais me encanta nele é a sua fala sobre os excluídos. Ele dá voz às histórias esquecidas e silenciadas.
Quando li o Livro Mulheres pensei no quanto as pessoas precisam conhecer essas histórias. Senti a necessidade de conta-las, de passá-las para a frente, para que jamais sejam esquecidas. A cada vez que faço uma apresentação tenho a certeza que a memória com relação a essas mulheres está viva.

NR - Quais trabalhos você pode destacar na sua carreira?
NI - Destaco a minha parceria com o Laerte Ortega, diretor, ator, músico, figurinista, cenógrafo, que fez teatro de rua e era militante. Eu comecei a fazer teatro com ele e o meu primeiro espetáculo foi A praça do Pensamento. Fiz três trabalhos com o Ademar Guerra e em especial O Vampiro e a Polaquinha, criado a partir da obra do Dalton Trevisan e que ficou oito anos em cartaz - foi o maior sucesso do teatro paranaense até hoje. Outro destaque foi Murro em Ponta de Faca, com direção do Paulo José, além de Aderbal Freire-Filho com Cão Coisa e a Coisa Homem e Felipe Hirsch com Estou te escrevendo de um país distante. Resumidamente cito esses diretores, mas muitos foram importantes na minha trajetória.

NR - Como é fazer teatro em Curitiba? Como está o teatro na cidade?
NI - Apesar de toda a crise o teatro em Curitiba está indo muito bem. Estamos fazendo muitos trabalhos coletivos e de rua.
Nesse momento estamos colhendo os frutos de um edital que foi favorável à seleção de mostras e trabalhos coletivos. Eu fiz, por exemplo, o Curitiba Mostra, a Mostra Urbana, Mostra Novos Repertórios e a Mostra Espetacular, e todas aconteceram neste ano. O teatro vive sempre em crise, mas eu não senti porque foi um ano produtivo. Politicamente estamos muito desarticulados de forma geral, mas agora os movimentos de teatro estão começando a se reerguer. Logo que o Temer assumiu fizemos várias ocupações e Curitiba foi a primeira cidade a ocupar - em dez dias ocupamos vários estados do país e o Temer voltou atrás com relação à extinção do Minc (apesar dele estar sem perna e sem braço no momento). Estamos sem políticas culturais, mas a lei estadual do Paraná começou a funcionar e está nadando contra a maré. Eu consegui voltar a viajar com Murro em ponta de faca graças a ela.
Temos aqui grandes atores e cito em especial o Mário Schoemberger, já falecido, o meu filho (Pedro Inoue) e Guilherme Weber, que além de estar fazendo belíssimos trabalhos no teatro, TV e cinema, é afetuoso e tem se posicionado contra os desmandos do nosso país sem pudores. O Guilherme é meu amigo e foi muito importante na minha trajetória. Ele está atuando fora de Curitiba, mas ele carrega a cidade para onde ele vai. Está sempre crescendo enquanto artista e cidadão.

NR - Como é ver seu filho em cena, em especial em Hoje é dia de rock, com direção de Gabriel Villela?
NI - Eu já estou acostumada a ver o Pedro em cena porque ele começou a fazer teatro com seis anos de idade; o palco é o habitat natural dele. Ele nunca teve outra opção de profissão porque desde bebê ele frequentava as coxias do teatro. Eu tive que viajar com um espetáculo e ele entrou no elenco para que ele pudesse ficar comigo; era uma temporada longa, passando por várias cidades, e eu não tinha com quem deixá-lo. A partir dali ele começou a fazer teatro. Além de ser um grande ator, ele é muito compenetrado e focado no seu trabalho no teatro. Ele soma talento e dedicação. Tem um ótimo trabalho de corpo. Ele dança folclore polonês há mais de quinze anos e tem uma excelente consciência corporal e domínio do espaço. Vê-lo em cena é sempre uma emoção e ele está ótimo em Hoje é dia de rock. O Gabriel Villela é importantíssimo para todo o elenco, especialmente para os jovens atores. Ter acesso a um grande diretor é muito importante para a nossa formação. Eu sei como é isso porque quando tive a oportunidade de trabalhar com o Ademar Guerra, eu era uns três anos mais velha do que meu filho e ele foi essencial para a minha formação como atriz. Tenho certeza que trabalhar com o Gabriel Villela foi um divisor de águas para o meu filho e para todo o elenco. Fico muito feliz e agradecida. Espero que Hoje é dia de rock viaje e que mais pessoas possam ver esse lindo trabalho, que me emociona muito. O todo é muito potente e isso é muito bonito.


Ficha Técnica de Para não morrer:
Idealizadora e Atriz – Nena Inoue. Parceria de Direção – Babaya Morais. Dramaturgia – Francisco Mallmann (à partir da obra de Eduardo Galeano). Iluminação – Beto Bruel. Criação de Figurinos/Adereços – Carmen Jorge. Cenário – Ruy Almeida. Design de Som/Trilha Original – Jo Mistinguett. Técnico Operador – Vinicius Sant. Fotografia – Marcelo Almeida. Vídeos Teaser – Alan Raffo. Designer Gráfico – Martin Castro. Assessoria de Imprensa/SP – Adriana Balsanelli. Produção Executiva e Administração – Caroll Teixeira. Direção de Produção – Nena Inoue. Realização – Espaço Cênico.

INFORMAÇÕES - (41) 2112 9924 / 99668 8927 facebook.com.br/avelolaespacodecriacao
CONTATO - Nena Inoue (41)9923 69466 nenainoue@hotmail.com

Obs: Fiquem ligados no site e na fan page do Facebook porque sempre divulgo os trabalhos da Nena.
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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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