Sínthia é pura poesia. Traz as lembranças doloridas de uma família, que tem muito amor, mas também sofreu muito no decorrer dos anos, em virtude de um passado cruel, triste, obscuro, de preconceitos e hipocrisia em nome de uma felicidade que não pode existir diante de mentiras e sentimentos sufocados.
Um espetáculo premiado (APCA de melhor direção) para Kiko Marques e que faz a quarta - e curta – temporada em São Paulo, a partir dia 20 de novembro no Capobianco.
Além do belo texto, a direção de Kiko Marques valoriza cada diálogo dando aos atores a oportunidade de darem vida com maestria a personagens instigantes. No elenco estão Denise Weinberg, Silvio Restiffe, Alejandra Sampaio, Virgínia Buckowski, Marcelo Diaz, Willians Mezzacapa, Marcelo Marothy e Valmir Sant’anna.
Kiko Marques, que tem a trajeória pautada por sucessos como Cais ou Da Indiferença das Embarcações, Crepúsculo e O Travesseiro e Brinquedos Quebrados , escreve inspirado em fatos reais e pessoais.
Sínthia fala de medo, amor, repressão, desejos reprimidos, numa sociedade machista e patriarcal. Coloca em evidência as mazelas da ditadura e de uma família que teve seu cotidiano modificado pelas atitudes condenáveis do pai que era militar.
Na trama, que se passa no Rio de Janeiro de 1964, mostra o cotidiano do policial Luiz Mário e a dona de casa Maria Aparecida vividos por Sílvio Restiffe (nesta temporada no lugar de Henrique Schafer) e Alejandra Sampaio (no papel da mãe na fase mais jovem). O casal tem três filhos e sonha com a chegada de uma garota, mas quem nasce é o menino Vicente ( vivido por Kiko).
O tempo passa e a agora viúva Aparecida (representada por Denise Weinberg) esconde uma doença terminal e tenta contornar a instabilidade financeira do caçula, que é músico erudito e mora em São Paulo com a mulher (Virgínia Buckowski) e duas filhas. Sínthia, vale dizer, é o nome que o personagem se dará aos 50 anos, quando aparece com um vestido diante de sua mãe porque percebe que era uma mulher no corpo de um homem ( após anos e anos de sofrimento).
Segundo Kiko Marques, trata de um assunto pertinente num momneto em que a intolerância gera violência verbal e também física. "A peça fala de uma transformação necessária e ininteligível como tudo o que é necessário, e sobre a incapacidade de aceitar aquilo que não se possui. Matamos aquilo que não entendemos¨.
Ficha Técnica
Autoria e Direção: Kiko Marques. Elenco: Denise Weinberg (Maria Aparecida). Henrique Schafer (Luiz Mário). Alejandra Sampaio (Maria Aparecida). Virgínia Buckowski (Nôra e Ana). Kiko Marques (Vicente). Marcelo Diaz (Ico, músico e médico). Willians Mezzacapa (Cezinha, músico e carcereiro). Marcelo Marothy (Luizinho, músico e paisano). Valmir Sant’anna (Conrado e funcionário IML). Diretora de Produção: Patricia Gordo. Cenografia: Chris Aizner. Desenho de Luz: Marisa Bentivegna. Figurinos: Fábio Namatame. Direção Musical e Trilha Original: Tadeu Mallaman. Preparação e Desenho de Movimento: Fabrício Licursi. Consultora Vocal: Fernanda Maia. Consultor Histórico: Ricardo Cardoso. Assistente no processo dramatúrgico: Cristina Cavalcanti. Colaboradores do processo dramatúrgico: Marcelo Laham e Maurício de Barros. Quarteto de Cordas: Violino (Mica Marcondes), Violino (Alice Bevilaqua), Viola (Elisa Monteiro) e Cello (Vana Bock).
Serviço
Sínthia. Reestreia dia 20 de novembro. Temporada - Segundas e terças às 20h. Ingressos - R$ 20,00. Instituto Cultural Capobianco. Endereço: R. Álvaro de Carvalho, 97 - Centro, São Paulo - SP, 01050-070. Metrô Anhangabaú. Duração: 165 minutos. Recomendação: 14 anos. Capacidade: 50 lugares (espaço subterrâneo). Telefone: (11) 3237.1187. Bilheteria abre meia antes do começo do espetáculo nos dias de apresentação. Estreou em agosto der 2016. Vendas: www.compreingressos.com . Até dia 19 de dezembro.
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