Pode parecer loucura montar esse texto tão maravilhoso e complexo, mas Bia Lessa está sempre envolvida com desafios.
Para transportar a obra de Guimarães para os nossos dias a diretora e os atores se envolveram em quatro meses de trabalho diário.
O espetáculo ocupará a área de convivência da unidade do Sesc Consolação e a encenação acontece numa instalação que remete o espectador a um claustro, uma gaiola. E será aberta à visitação.
A instalação, que sofrerá transformações no decorrer da temporada, conta com 250 bonecos de feltro com tamanho humano, criados pelo aderecista Fernando Mello da Costa, confeccionados com apoio do Instituto-E / Osklen e levam o público para a cena da morte de Diadorim, atuando como agente passivo, mas como participante da ação.
No elenco de peso, Caio Blat, Luíza Lemmertz, Luísa Arraes, Leonardo Miggiorin, Leon Góes, Balbino de Paula, Daniel Passi, Elias de Castro, Lucas Oranmian e Clara Lessa.
Na equipe criativa um time de peso: Egberto Gismonti (música), Camila Toledo (concepção espacial, com a colaboração de Paulo Mendes da Rocha), Sylvie Leblanc (figurino) e Fernando Mello da Costa (adereços).
A temporada paulista é curta: vai de 09 de setembro a 22 de Outubro. Após São Paulo, vale ressaltar, o espetáculo segue para o Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, para temporada de janeiro a março de 2018.
Bia já se debruçou no Grande Sertão de Guimarães Rosa, em exposição que inaugurou o Museu da Língua Portuguesa (SP), em 2006.
A trama é conhecida, mas vale reforçar, com os respectivos atores e seus personagens:
O jagunço Riobaldo (Caio Blat) se aventura pelo sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes (Leon Goes). Faz um com o diabo e conhece a suagrande paixão Diadorim (Luíza Lemmertz). O que Ribaldo não entende é o seu envolvimento por Diadorim, que para sobreviver aos perigos precisa fingir que é homem!
São 2 horas e 40 minutos de encenação, que mistura teatro, cinema e artes plásticas.
A ideia de Bia é levar para o palco o espírito de aventura e pulsante do sertão de Guimarães. Para dar vivacidade às cenas e o espectador se sentir mais ainda parte da cena, cada espectador usará fones de ouvido para que ele possa escutar separadamente a trilha sonora.
“O teatro para mim é sagrado. Me dedico a ele de tempos em tempos, não me sinto com capacidade de realizar espetáculos um após o outro. Me deparei com o Grande Sertão e ele se apoderou de mim mais uma vez. Quando montei a exposição, algumas questões se apresentavam: a principal delas era como utilizar imagens sem que o significado do Sertão de Guimarães ficasse reduzido a um único lugar. A opção na época foi trabalhar apenas com palavras. No teatro, essa questão volta a se impor: ‘o sertão está dentro da gente’. Nosso caminho foi realizar um trabalho onde homens, animais e vegetais estabelecessem uma relação de diálogo sem supremacia entre eles. Não estamos exatamente no sertão, mas num espaço “ecológico” e metafísico onde tudo cabe. Um espaço, uma imagem, que nos possibilita a experiência proposta pelo romance, sem obviamente realizar o romance tal como é – fidelidade absoluta (todas as palavras ditas são de Guimarães Rosa), mas liberdade infinita, visto que é apenas uma das leituras possíveis da riquíssima obra de Guimarães. Escolhemos não utilizar grandes efeitos ou recursos, a não ser a valorização do universo sonoro dos espaços propostos pelo romance, apenas os próprios atores”, pontua a diretora.
FICHA TÉCNICA
Concepção, Direção Geral, Adaptação e Desenho de Luz – Bia Lessa
Elenco – Balbino de Paula, Caio Blat, Clara Lessa, Daniel Passi, Elias de Castro, Luíza Lemmertz, Leonardo Miggiorin, Leon Góes e Luísa Arraes.
Concepção Espacial – Camila Toledo, com colaboração de Paulo Mendes da Rocha
Música – Egbert Gismonti
Colaboração – Dany Roland
Desenho de Som – Fernando Henna e Daniel Turini
Adereços – Fernando Mello Da Costa
Figurino – Sylvie Leblanc
Desenho de Luz – Binho Schaefer
Projeto de Audio – Marcio Pilot
Diretor Assistente: Bruno Siniscalchi
Assistente de Direção: Amália Lima
Direção Executiva: Maria Duarte
Produtor Executivo: Arlindo Hartz
Colaboração – Flora Sussekind, Marília Rothier, Silviano Santiago, Ana Luiza Martins Costa, Roberto Machado
Idealização: 2+3 Produções Artísticas Ltda
Realização: Sesc, Ministério da Cultura, Lei de Incentivo à Cultura.
Patrocínio Master: Banco do Brasil
Patrocínio: Globosat.
Apoio: Instituto-E
Agradecimento especial à viúva do Autor, a quem a obra foi dedicada, Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, à Nonada Cultural e a Tess Advogados.
SERVIÇO – GRANDE SERTÃO: VEREDAS
De 9 de setembro a 22 de outubro
Local: Sesc Consolação – Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo
Estreia: 9 de setembro (sábado), às 20h30
Horários: Quintas a sábados e feriado, às 20h30. Domingos, às 18h30
Duração: 160 minutos
Ingressos: R$40,00. R$20,00 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência). R$12,00 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br a partir das 18h de 29/8 e nas bilheterias do Sesc São Paulo a partir das 17h30 do dia 30/8.
Capacidade: 160 espectadores
Classificação: 18 anos
Instalação
Visitação livre: a partir de 11 de setembro.
Horários: Segunda a quarta, 11h às 21h30. Quintas e sextas, 11h às 19h30. Sábados, 10h30 às 19h.
Capacidade: 100 pessoas
Classificação: livre
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