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ENTREVISTA: Dan Rosseto assina a autoria e a direção de Enquanto As Crianças Dormem, em cartaz no Teatro Aliança Francesa
Publicado em 10/07/2017, 23:00
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Saiba detalhes desse espetáculo e sobre o gênero antimusical

O jovem e experiente artista Dan Rosseto é ator, diretor, dramaturgo, produtor e professor.
Teve a certeza que queria seguir a carreira artística no teatro durante a Faculdade de Comunicação Social, da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente/SP.

Veio para São Paulo para tirar o seu DRT e hoje seu nome consta entre os principais artistas de sua geração.

No momento, está chamando a atenção da cena teatral paulistana, devido à boa receptividade do espetáculo Enquanto As Crianças Dormem, em cartaz no Teatro Aliança Francesa.

Nesse trabalho, do qual Rosseto é o autor e diretor, o objetivo é discutir o que o ser humano seria capaz de fazer para realizar os seus sonhos.

Na trama, Kelly (Carol Hubner) é fã do musical O Mágico De Oz e trabalha como atendente de uma rede de fast-food. Ela sonha em trabalhar na Broadway, mas como não tem condições para isso, ela passa os seus dias sonhando. O problema é que esses sonhos se transformam em pesadelos.

Ela encontra no supermercado Ellen (Carolina Stofella), uma mulher disposta a financiar sua ida para a América. O preço, no entanto, para esse ato é alto demais.

Alguns momentos de sua trajetória:
Entre os espetáculos cuja direção assinou: Os musicais Hoje É Dia De Maria, O Primo Basílio e Lisbela e o Prisioneiro. Outros trabalhos: Tadzio, de Jean Genet e Eles Não Usam Black Tie, de Guarnieri;

Como autor e diretor: Manual Para Dias Chuvosos (foi o seu primeiro texto e já recebeu indicação para o Prêmio Arte Qualidade Brasil Drama), Antes De Tudo, Diga Que Você Já Me Esqueceu (também foi o responsável pela direção);

Ator: Imperador e Galileu - direção Sérgio Ferrara e Roleta-Russa – direção César Baptista

Produtor - sócio na empresa Applauzo e Lugibi, com Fabio Câmara

E por aí vai...


ENTREVISTA

NANDA ROVERE - Fale um pouco sobre o objetivo de Enquanto as crianças dormem. Oque é o gênero antimusical? Quais as características desse espetáculo?
DAN ROSSETO - Definimos como um antimusical tragicômico, um gênero que as pessoas quase não montam porque o relevante é criar a antipatia, porque, num primeiro momento, fazemos uma crítica ao modelo vigente. Para brincarmos com o gênero, eu criei regras que contrastam com o musical da Broadway. A minha protagonista não é uma princesa, não canta nos momentos mais felizes... Os números musicais acontecem sempre numa situação trágica e a principal característica do musical é a dramaturgia e não as canções como acontece num formato tradicional. Invertemos, portanto, os padrões dos musicais contemporâneos.

NR - Num momento do boom dos musicais, que, aliás, você já dirigiu, esse novo trabalho coloca um pouco de lado o glamour e fala sobre as dificuldades de ser artista...Fale um pouco sobre o espetáculo.
DR - Enquanto as Crianças Dormem fala de uma atendente de um fast-food que sonha em ser famosa na América e ganhar fortuna. Só que onde ela trabalha é o pior fast food que existe na cidade, o mais sujo, e ela não tem nenhuma perspectiva de conseguir realizar o desejo. Ela acaba entrando num esquema pesado de tráfico de drogas em troca de passaporte e dólares. Esse tráfico é realizado em corpos de bebês mortos, por isso a peça chama-se Enquanto as crianças dormem – uma metáfora a essa travessia. O musical faz uma homenagem a outros musicais, como Chicago, Hairspray, a obra de Bob Fosse. Apesar do tema pesado, ele é bem divertido e as pessoas riem muito, riem da tragédia e do horror.

NR - O musical traz questionamentos muito pertinentes para os dias de hoje... Como surgiu a ideia para esse trabalho?
DR - O musical questiona o sonho. ¨Será que a porta que eu abro, que está mais fácil e a mais próxima, é realmente a mais interessante?...Eu comecei a ver a série inglesa Black Mirror e comecei a perceber o quanto o público está interessado em olhar a crueldade humana e ver como o ser humano é exposto a ela. Foi aí que veio a ideia de criar esse musical e uma assistente que está tão fodida que o público sente pena dela... e quando ela tem a chance de dar uma reviravolta, o público acaba torcendo por uma bandida, que escolhe um caminho errado na sua vida. Eu potencializo no público a catarse da crueldade e as pessoas se divertem e saem do teatro questionando, raciocinando sobre o que viu. Eu critico os musicais, mas faço de um modo muito embasado porque eu adoro musicais, mas o que me interessa é o tom do musical.

NR - Gostaria que você falasse dos musicais que dirigiu. Percebo que você sempre buscou um jeito brasileiro de se fazer musical.
DR - Sempre trabalhei em musicais com pegada na literatura. Primeiro, veio a obra do Eça de Queiróz, com O Primo Basílio, cuja trama eu adaptei para o Rio de Janeiro no auge da bossa-nova e questão da construção de Brasília. Depois montei Lisbela e o Prisioneiro, em que falamos do circo-mambembe e do teatro de rua e por fim, Hoje é Dia de Maria, uma obra ambientada no sul de Minas e texto do Soffredini, que é maravilhoso. Já no Enquanto as Crianças Dormem, como eu que criei a dramaturgia, ela é extremamente contemporânea e foge totalmente dos padrões dos musicais que já dirigi. Creio que nesse musical eu consegui encontrar uma linguagem própria.

NR - Como foi a parceria com a Ligia Paula Machado?...
DR - Fiz uma trilogia musical com a Ligia: O Primo Basílio, Lisbela e o Prisioneiro e Hoje é dia de Maria. São dez anos de parceria. Além desses musicais, Dan dirigiu Valsa n6, de Nelson Rodrigues e um texto de Plínio Marcos, Quando as máquinas param. Hoje é Dia de Maria volta em outubro com preços populares.

NR - Você se dedica a estilos diversos seja como ator, diretor, dramaturgo, produtor... Como é navegar pelos vários gêneros?
DR - Além de eu transitar sempre por diversos gêneros, meus trabalhos sempre têm música, independente do gênero. Eu gosto de colocar a música em função da história, tanto que a música é um dos primeiros elementos que pesquiso quando vou começar um trabalho. Tento entender a métrica, a melodia e o tom que o espetáculo pode me trazer. O perfume da música é muito forte, mas não é um gênero de minha preferência. O que me interessa é uma boa história para contar.

NR - E como é para você conciliar as funções que exerce no teatro?
DR - Eu vim para São Paulo com o desejo de ser ator, fiz alguns trabalhos interessantes, mas sempre fui muito exigente com relação às histórias... enquanto ator, tive sempre muita dificuldade para encontrar espetáculos que eu tivesse vontade de dizer. Já tive a chance de fazer Ibsen, por exemplo, com o Caco Ciocler (Imperador e Galileu, direção do Sergio Ferrara). Só que entre esse trabalho e Roleta-Russa, que fiz ano passado, fiquei sete anos sem atuar. Isso não aconteceu porque sou chato com relação às minhas escolhas. O que acontece é que, primeiro, não tenho muitos convites para atuar e sempre estou muito envolvido com direção, produção e texto. Segundo, muitos textos que chegam a mim não têm a energia que eu necessito para colocar na boca aquela história. Mas eu estou sempre fazendo muita coisa. Eu tenho uma parceria com o Fábio Câmara, nós temos as nossas produtoras e vamos conciliando os projetos. Hoje não dá para parar e nem para fazer uma coisa de cada vez. Eu sou muito focado em tudo o que faço, mas estou sempre fazendo vários projetos ao mesmo tempo.

NR - Esse musical não tem patrocínio, correto? Como conseguiu viabilizá-lo?
DR - Arrecadamos 31800 reais com crowdiforting e apoio. Teatro é resistência. Não dá para ficar esperando e reclamando. E a temporada está sendo muito legal. É um espetáculo que as pessoas amam ou odeiam, não tem meio termo. Ele expõe a faceta do ser humano de uma maneira muito pesada e temos a sorte de contar com muitos padrinhos, com os quais, na sua maioria, não temos intimidade alguma. Essas pessoas assistem a peça, gostam muito e divulgam. O mais importante para mim é arriscar, senão passamos pela vida em branco. Não gosto de fazer teatro se não for assim.

NR - Quando você dirige um texto seu, como no caso desse musical, você consegue separar as funções de diretor e dramaturgo...você mexe no texto durante os ensaios? Como funciona?
DR - Nesse texto, eu digo que o autor trabalhou mais do que o diretor porque ele já estava rubricado com a maioria das cenas. Quando eu vou para uma sala de ensaio, consigo deixar o meu lado autor ir embora e trabalhar somente como diretor. Deixo que o elenco questione o autor e as opções dramatúrgicas...corto texto e não tenho o menor apego. É muito louco porque o Dan autor e o diretor são duas figuras completamente diferentes. Já quando dirijo um texto que não é meu, gosto de marcar uma leitura porque não consigo ler sozinho em casa. Depois dessa leitura é que eu decido se consigo montar ou não o texto Tenho que ouvir a história para saber se eu consigo contá-la. Muitas vezes recebo textos incríveis mas sou sincero ao dizer que não sei colocá-lo no palco. Tem gente que acha que faço isso porque não gosto da obra, mas eu sou muito sincero, tem coisas que eu não sei contar...

NR - O que é ser artista para você?
DR - Ser artista é andar numa corda bamba sem rede de proteção. É sempre um risco, uma dificuldade e um não...mas também é equilíbrio porque se você não tiver um foco , se você não tiver certeza do que quer, você cai. Como os artistas lidam muito com a emoção, com a energia e glamour, é preciso muito cuidado. Ser artista é algo muito sério para mim, que também trabalho como professor. Um professor não ensina ninguém a ser artista. Ele ensina ética, disciplina e respeito pela profissão. Para mim, ser artista é uma missão, é quase um sacerdócio. Não consigo me imaginar fazendo qualquer outra coisa e estar em outro lugar que não seja um camarim de teatro...

NR - Como foi o início, as primeiras oportunidades e quais artistas foram (e são importantes) na sua trajetória?.
DR - Eu já fazia teatro em Presidente Prudente e participei de um grupo de teatro universitário durante todo o tempo em que fiz faculdade na cidade. Fiz cinco espetáculos lá e viajei bastante com a companhia que a universidade mantinha. Quando os alunos se formam, eles deixam automaticamente a companhia, mas eu fiquei mais um ano por lá, até resolver vir para São Paulo. Chegar aqui foi muito difícil. Eu não tinha ideia do tamanho da cidade e foi complicado lidar com dificuldades e as possibilidades; lidar com a quantidade de nãos, com os picaretas...Eu vim para São Paulo porque eu queria tirar o meu DRT de ator e meu objetivo era ficar um mês, tempo de duração do processo da banca do sindicato dos artistas... Eu cheguei num feriado sem saber onde morar! Acabei ficando e estou aqui até hoje...Eu ainda tenho muito contato com o mestre da minha faculdade, o Fabio Nogueira. Também têm grande importância na minha carreira o Sergio Ferrara, que me dirigiu em Imperador e Galileu, a Fátima Toledo e uma série de pessoas com as quais eu tive a chance de trabalhar e dividir conhecimento. Roleta-Russa foi um divisor porque eu nunca tinha feito um protagonista. O diretor César Baptista me mostrou um olhar sobre o ofício do ator, já que eu estava muito tempo sem atuar.


Obs: Na entrevista para o jornalista Miguel Arcanjo Prado, também vale a pena ler, Dan cita as regras do antimusical:
www.miguelarcanjoprado.com/2015/05/21/entrevista-de-quinta-dan-rosseto/

Enquanto As Crianças Dormem
Ficha Técnica:
Texto e direção: Dan Rosseto
Assistente de direção: Diogo Pasquim
Elenco: Carol Hubner, Carolina Stofella, Diogo Pasquim, Haroldo Miklos, João Sá, Juan Manuel Tellategui, Roque Greco e Samuel Carrasco
Direção de produção: Fabio Camara
Produção executiva: Roque Greco
Trilha sonora original: Fred Silveira
Letras originais: Dan Rosseto
Figurinos: Kleber Montanheiro
Assistente de figurino: Marina Borges
Cenário e adereços: Luiza Curvo
Cenotécnico: Domingos Varela
Desenho de luz: César Pivetti e Vania Jaconis
Preparação de elenco: Amazyles de Almeida
Direção de movimentos e coreografias: Alessandra Rinaldo e João Sá
Operador de luz e som: Jackson Oliveira
Designer gráfico: André Kitagawa e Francine Kunghel
Fotos: Leekyung Kim
Assessoria de Imprensa: Fabio Camara
Realização: Applauzo Produções e Lugibi Produções Artísticas

Serviço: 
LOCAL: Teatro Aliança Francesa, Rua General Jardim, 182 – Vila Buarque. 226 lugares+ 04 PNE. (Estacionamento conveniado em frente)
DATA: 31/05 até 27/07 (Quartas e Quintas às 20h30)
INFORMAÇÕES: 3572 2379 e www.teatroaliancafrancesa.com.br
INGRESSOS: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
DURAÇÃO: 110 min
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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