Ainda sou teu
Após desencontro na juventude, um casal se reencontra e o amor, que nunca acabou, os coloca numa situação complicada: ambos estão casados, infelizes, mas inseguros com o futuro, como mergulhar cegamente numa relação?
Medo do amor, medo de deixar para trás uma vida segura e medo por causa dos filhos.
(Re)viver o amor é inevitável, mas o desencontro é mais uma vez inevitável?...
O texto de Eddy Fernandes, que estreia como autor de teatro, explora o amor, os medos e as dúvidas do casal.
O amor é essencial na vida, mas largar um cotidiano seguro financeiramente, correr o risco de perder a guarda, e o respeito dos filhos, é muito complicado para o casal. E mais: foi o rapaz quem a deixou no passado e casou para ter tranquilidade financeira!
Os conflitos são bem explorados. Conflitos e mais conflitos!
Também é a estreia profissional de Tiago Gaiotto, com uma estrada imensa para trilhar. Estabelece com Danielle Franco uma boa química. Precisa se soltar um pouco mais para tecer com precisão as camadas de um personagem que ora é intenso no amor, ora titubeia por medo ou covardia.
Danielle tem os seus melhores momentos quando a música entra em cena.
A música e a literatura acompanham o cotidiano dos apaixonados, os encontros e desencontros. Os livros marcam momentos; eles contém sentimentos que os personagens não conseguem expor e é através dos livros e das canções que a memória do amor não se apaga após um fato trágico...
A ligação entre o amor, as dúvidas e as lembranças dos personagens com a literatura e a música é um trunfo porque faz com que o texto ganhe consistência. Ferraz guia com domínio essas cenas.
Como Eddy tem experiência na área de teledramaturgia, o seu texto é "televisivo", com textos clichês sobre o amor e os relacionamentos; os diálogos são interessantes, mas a trama também se extende em alguns momentos demasiadamente.
E aí entra a direção de Rodrigo Ferraz, a qual faz com que a peça tenha agilidade. O espetáculo está bem resolvido cenicamente.
O amor desconstruído é um mérito porque muitas pessoas se identificam. É o amor palpável, não romantizado.
Uma reflexão pertinente: o amor merece ser vivido, sem amarras, mas sem traições... nem sempre o ideal acontece, mas a vida é cheia de erros e acertos...dois seres apaixonados, acomodados, tentaram reatar os nós...para ver o desfecho da trama, corra para o teatro!
SERVIÇO
Teatro Studio Heleny Guariba – Praça Franklin Roosevelt, 184, República – SP.
(11) 3259-6940.
Sábados, às 19h.
De 12 de agosto a 9 de setembro.
Ingresso: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada).
Duração: 90 minutos.
FICHA TÉCNICA
Elenco: Tiago Gaiotto e Danielle Franco.
Texto: Eddy Fernandes.
Direção: Rodrigo Ferraz.
Produção: Eddy Fernandes, Rodrigo Ferraz e Tiago Gaiotto.
Assistência de direção: Carola Valente e Vanessa Garcia.
Luz: Roberto Herrera e Beto Magnani.
Assistência de produção: Denize Macedo.
Operação de Som: Vanessa Garcia. |