Com Débora Duboc
Peça livremente adaptada do livro Pulmão de Aço, de Eliana Zagui
Viver mais de 40 anos na UTI de um hospital, com pouco contato com a família e mexendo somente o corpo do pescoço para cima. Essa é a realidade de Eliana, uma moça que é escritora e pintora.
Claro que ela tem os seus momentos de depressão, mas quem a conhece diz que a alegria é o seu maior encantamento.
Cheguei a conhecê- lá quando ela foi assistir a uma peça do Elias Andreato no Eva Herz, a sua primeira ida ao teatro.. Uma locomoção complicada porque ela não sai da maca. Transmite realmente uma ótima energia. Ah e claro que ela foi ver como a sua vida é retratada no teatro, quando a peça estava em cartaz no Sesc Ipiranga.
No seu livro, que foi adaptado para o teatro por Aimar Labaki, ela conta sobre como foi viver sempre no hospital e fala com ternura dos amigos/ irmãos que ganhou, em especial os companheiros da UTI, crianças que tiveram poliomielite ou outras doenças graves.
Um espetáculo que envolve o espetador com poesia e humor.
Débora traz a energia de Eliana, que está sempre conectada no Face e navegando pela internet, e tem vídeos gravados mostrando a sua trajetória e pedindo contribuição para que ela possa morar com um amigo em Sumaré (o que exige uma estrutura de Home Care).
Ficar no palco mais de uma hora e só mexer a cabeça exige uma exímia preparação corporal. A voz é o seu trunfo, a emoção aflora de maneira intensa e com nuances que mostram a alma de Eliana.
Não é à toa que a atriz acabou de ser agraciada com o APCA.
Contar a história de uma personagem real e viva sem cair na imitação, apresentar uma vida de superação sem, em momento algum, causar piedade, com certeza não é fácil.
Débora Duboc no palco e a sua xará Débora Dubois, na direção, realizam um trabalho que merece aplausos porque conseguem dar teatralidade à história e realçar a força poética do texto.
O foco da encenação está na interpretação. O sonho e a alegria de Lili não são explorados cenicamente, mas a atriz, através de sua interpretação, promove um intenso mergulho no pensamento de Lili e na sua cabeça - os seus trunfos para a vida ganhar sentido.
O desenho de luz que delimita alguns detalhes e fatos da vida no hospital.
O figurino e a cenografia de Marcio Vinicius colocam a atriz numa cama de hospital, com a tradicional cor branca, que geralmente é a dos lenções das macas. Existe nessa criação algo que sugere a liberdade não de ir e vir, mas de pensamento.
A trilha ajuda a dar delicadeza a esse trabalho que precisa ser visto por todos que apreciam teatro.
Lili é artista, teve o privilégio de ir ao teatro, realizou o sonho de ver o mar, procura manter o bom humor e a sua valsa è dança da vida, que mesmo com barreiras, é bela.
Ela não tem a liberdade de andar, de correr, precisa do outro para todas as suas atividades, mas voa, voa através dos seus sonhos, dos seus pensamentos, da escrita e das suas pinturas.
Amanhã tem sessão às 21h e é o último dia.
Corram para o espaço Giostri Livraria Teatro.
Vamos celebrar a vida, a saúde, a alegria, e nunca deixar de sonhar, sempre com boas energias!
Texto: Aimar Labaki
Com: Débora Duboc
Direção: Débora Dubois
Cenário e figurinos: Márcio Vinicius
Iluminação: Aline Santini
Fotografia: João Caldas Fº
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção Executiva: Fabrício Síndice
Direção de Produção: Edinho Rodrigues (Brancalyone Produções) Inspirada no Livro “Pulmão de Aço” de Eliana Zagui
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