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Críticas - Teatro Adulto

O Olhar para os Outros do Grupo Galpão
Publicado em 27/02/2019, 14:00
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Outros do Galpão é de uma atualidade assustadora. Foi criado a partir de improvisações e inquietações do diretor Marcio Abreu e dos atores do Grupo Galpão.

A música é o começo de tudo, um grito através do rock, música protesto, a música como um meio de se falar de assuntos que nem sempre é fácil colocar em palavras através de diálogos tradicionais.

Não é um espetáculo de fácil julgamento. Ele dialoga com a performance e transmite emoções e sensações, mas como escrever de maneira objetiva sobre algo que estimula a subjetividade de cada um, o pensamento de cada um, de acordo com a sua experiência de vida, e não entrega respostas e sim gera indagações?!

Outros não é um espetáculo pronto, com ideias claras, e isso não é um defeito do processo de criação, pelo contrário, o objetivo é que cada espectador crie as suas conclusões, ou pelo menos interrogações. Talvez a proposta seja sair até com mais indagações, afinal nem sempre na vida temos respostas para os nossos questionamentos.

Outros é a loucura do mundo moderno, onde o ser humano está perdendo a identidade, em ações repetitivas e muitas vezes tão robotizadas que o tempo para a reflexão é deixado de lado. Não ouvimos mais o outro, a individualidade impera e são poucos os momentos de verdadeira união. Expressar o que pensamos é difícil, concatenar as ideias mais ainda. Prestem atenção nas falas do Antônio Edson e reflitam sobre a cena!

Movimentos corporais e a musicalidade são essenciais para dar sentido às cenas, as ações e falas dos atores. Uma situação-limite que gera desconforto.

São artistas em busca do novo, negando as suas ideias, o status quo é negado em busca de um novo mundo? Talvez... O que importa é que são seres em busca de suas identidades, tentando mudanças, mas mudar é complicado!

Num certo momento, o “não” domina a fala e os gestos, de um modo repetitivo, uma angustia que não tem fim. Nãããooo! Não para o nosso momento político atual? Claro que sim, mas não só! Não para tudo e para todos que nos aprisionam num mundinho onde o preconceito, a falta de cuidado com o próximo e a falta de comunicação atordoam, e causam tragédias, muitas criminosas.

Vivemos tempos de trevas, estamos caindo num abismo onde o desrespeito impera. São tempos difíceis e não conseguimos progredir, pois estamos repetindo erros do passado. O amor dá lugar ao puro prazer, a vida perde o sentido diante de tanta ganância e falta de cuidado com o homem e a natureza.

Vivemos oprimidos diante de um cotidiano sem muito sentido, a rotina da sobrevivência não dá espaços para reflexões e mudanças. Pessoas morreram em Brumadinho; questões atuais e importantes de gênero são pautadas na mídia, mas a violência e o preconceito ainda promovem atos de violência. O medo impera e o amor precisa prevalecer! Como? Respeito e um olhar mais apurado para com o outro?

Os atores dominam as técnicas do teatro e vão muito além ao se jogar literalmente no palco! Os artistas do Galpão nunca se acomodaram, pois estão sempre buscando diretores que os coloquem numa empreitada de desafios. Em Outros todos estão num jogo intenso. Atores de alto talento, de larga experiência. Esse trabalho os coloca num precipício de emoções e para que tudo dê certo a entrega precisa ser plena, e é! Entrega corporal magnetizante! Emoção e técnica na certa medida.

O tempo...o tempo é tão falado em Outros...O tempo que passa e nem sempre, ou quase nunca, o aproveitamos como queríamos. O tempo da vida, o tempo que o Galpão está na estrada. O tempo que aprisiona, mas que também pode dar asas para a vida ganha sentido, no Caso do Galpão, através do teatro e do contato com um público heterogêneo. O tempo passa para todos, mas Outros exige bastante do ator, fisicamente é exaustivo, mas todos dão conta do recado.

Teuda Bara merece aplausos especiais. Além de seu carisma, essa grande atriz passou por uma cirurgia complicada nos joelhos. Ela não só participou do processo de criação do espetáculo mesmo quando estava internada no hospital, como a sua dolorosa experiência serviu de material para a cena. E Teuda é a responsável por um monólogo marcante, entoando uma canção.

Outros tem gerado criticas diversas com relação à encenação, mas em um ponto as opiniões se encontram: todos elogiam a maestria de artistas que estão na estrada há 37 anos e conseguem produzir teatro de qualidade fora do chamado eixo Rio-São Paulo, no caso, Belo Horizonte. O Galpão possui sede própria para os ensaios e parte administrativa. O grupo também faz a manutenção do Galpão Cine Horto, espaço de interação com a comunidade através de ações culturais e educativas.

Seja em trabalhos de caráter popular, com destaques para os espetáculos com direção de Gabriel Villela, seja em realizações de caráter ¨experimental¨, como Partido, com direção de Cacá Carvalho, e Nós, também com direção de Marcio Abreu, o Galpão consegue mostrar a força de artistas mineiros que merecidamente ganharam reconhecimento no Brasil e exterior.

Ver o Galpão em cena é obrigação, tanto para quem faz teatro, quanto para quem ama essa arte tão apaixonante.

Como será o futuro do Brasil e da nossa arte? O Galpão conta com o patrocínio da Petrobras. Com os cortes na área cultural, as perspectivas não são positivas. De qualquer maneira, a força e o talento dos artistas com certeza serão essenciais para um futuro de conquistas. O Galpão tem um público fiel, que aprecia muito as realizações da trupe, e esse reconhecimento com certeza garantirá a estrada de artistas que promovem um teatro de qualidade, que emociona e também provoca discussões sobre o mundo em que vivemos.
Pensar sobre os nossos tempos não é uma tarefa simples, é doloroso constatar as mazelas da nossa sociedade, os problemas da humanidade. Colocar esses problemas em questão, no entanto, é essencial. O teatro como meio de reflexão é uma luz para esses tempos sombrios.

Quando conheci o Galpão, o grupo já tinha dez anos de estrada. O momento mágico de Romeu e Julieta, com direção de Gabriel Villela, precisa ser sempre lembrado e reverenciado. Foi a partir desse trabalho, que estreou em 1992, que o Grupo ganhou visibilidade nacional e também mundial. Realizaram mais dois trabalhos de notoriedade com Villela - Os Gigantes da Montanha e A Rua da Amargura - e nessa segunda parceria com Marcio Abreu o que fica de ensinamento é que o teatro realizado com esmero e dedicação sempre estará pulsante, mesmo com os momentos de tempestade, pois o artista tem o dom de fazer arte também na tempestade!

São Paulo
25 de janeiro a 3 de março
Sexta e sábado, às 21h, domingo e feriado, às 18h
R$30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$9 (Credencial Plena Sesc)
Ingressos à venda pelo site: bit.ly/grupogalpaoemsp-outros
SERVIÇO DE TRANSPORTE
Nos dias de apresentação do espetáculo uma van, devidamente identificada com a logo do Sesc, fará o transporte do público.
A van sai da Estação Luz (Saída da CPTM/José Paulino e Praça da Luz) para o Sesc Bom Retiro. Ao término do show, a mesma van levará o público do Sesc para a Estação Luz.
HORÁRIOS DA VAN:
Ida: Sextas e sábados, 18h30 às 21h. Domingos e Feriados, das 15h30 às 18h.
Volta: Ao término do espetáculo. Sextas e sábados até 23h30. Domingos e Feriados, até 20h.
Info.: (11) 3332-3600

Festival de Curitiba
Nos dias 28 e 29 de março OUTROS no Festival de Curitiba, no Teatro da Reitoria, às 21h. Os ingressos podem ser comprados pelo aplicativo “Festival de Curitiba 2019”, nas bilheterias oficiais e pelo site do evento (diretamente nesse link: http://bit.ly/OutrosCuritiba). Todas as informações estão também no site www.grupogalpao.com.br

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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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