O texto, escrito por Marcos Damaceno, é dirigido pelo autor em parceria com Rosana Stavis, que integra o elenco.
Antes de tecer comentários sobre o excelente Homem ao Vento, é importante frisar que as apresentações em São Paulo acontecem com a compra de ingressos no conceito “pague quanto quiser”. Uma iniciativa que merece louvor porque possibilita um acesso mais democrático ao teatro, sobretudo para quem não tem condições de arcar com ospreços de ingressos das salas de espetáculos.
Homem ao Vento é um exercício cênico que instiga o espectador a fazer a construção de um texto que é um quebra-cabeça de falas aparentemente soltas. Um jogo metateatral que investiga o pensamento humano de maneira instigante e prazerosa.
O texto, escrito por Marcos Damaceno, é dirigido pelo autor junto com Rosana Stavis, artistas que agitam a cena teatral curitibana com Marcos Damaceno Companhia de Teatro.
No palco da SP Escola de teatro, que está estruturado na forma de arena, atores estão ensaiando um espetáculo. O ambiente ganha informalidade e o espectador está muito próximo da cena.
Um elenco de um espetáculo de nome indefinido, está tentando compreender o significado de uma peça que está sendo escrita especialmente para eles. A escolha de quem fará qual personagem não é muito fácil e não há explicação sobre quem são esses atores.
O diretor está atrasado e com dificuldade o grupo de artistas procura dar vida aos personagens. Sobre esses artistas só relatos esparsos durante a apresentação. Do autor pouco se sabe, só dizem, em alguns momentos, que ele é preguiçoso porque não está criando nada conciso e compreensível.
Vida real e ficção aparentemente se cruzam. Vida pessoal e profissional aparentemente se misturam, mas será mesmo que isso acontece ou tudo o que é dito está relacionado somente ao ensaio?
O que importa é que os diálogos apresentam questionamentos, emoções e interrogações que refletem o homem contemporâneo e suas angústias, amores, frustrações e sonhos.
Homem ao Vento é um espetáculo que leva para o palco a essência do teatro, que é propor reflexões sobre a arte e a vida. Um teatro sem limites, onde a imaginação corre solta e não existem respostas e sim interrogações sobre fatos do cotidiano e o fazer teatral. O caos do cotidiano gerando confusões, perturbações e gerando arte.
Um trabalho onde não existem protagonistas e não há limites e regras para que determinado ator viva um ou outro personagens, já que são realizadas várias experimentações. Todos os atores têm os seus momentos de destaques, de acordo com o andar da leitura da peça.
O espetáculo está sempre em construção e vale a pena conferir porque fala com todo o tipo de público. Para quem trabalha na área teatral, no entanto, ver esse espetáculo é um dever. Questionamentos oportunos e interessantes.
Rosana Stavis acabou de passar pela capital paulista com o mágico Hoje é dia de rock, direção de Gabriel Villela, numa passagem relâmpago pelo Sesc Paulista ( após temporada em Curitiba, Rio de Janeiro e viagens pelo interior do Paraná). Entre os destaques com a Marcos Damaceno Companhia de Teatro estão Psicose 4h8 e Árvores Abatidas ou Para Luis Melo ( com esse trabalho, na passagem por São Paulo, Rosana foi indicada aos prêmios Shell, APCA e Aplauso Brasil).
Além de Rosana, o elenco é formado por: Bruna Spínola, Bruno Anacleto, Consuelo Schoemberger, Fabiano Timmermann, Heleno Rohn, Lucas Buzato, Marrara Mara e Pipo Beloni.
SINOPSE: Homem ao Vento coloca o espectador em uma sala de ensaios. No espaço nove atores tentam entender e dar andamento aos preparativos de uma peça melancolicamente cômica, repleta de confusões e perturbações próprias da mente do homem contemporâneo.
Serviço e Ficha Técnica:
Tragicomédia – 70 min.
De Marcos Damaceno
Direção: Marcos Damaceno e Rosana Stavis
Com: Rosana Stavis, Bruna Spínola, Bruno Anacleto, Consuelo Schoemberger, Fabiano Timmermann, Heleno Rohn, Lucas Buzato, Marrara Mara e Pipo Beloni.
Fotos: Bernie Walbenny
Local: SP ESCOLA DE TEATRO – Sede Roosevelt
Praça Roosevelt, 210 – Consolação
Tel,: 3775-8600
De 20 de julho a 06 de agosto
Sexta, sábado e segunda às 21h, domingo às 19h
Ingresso: Pague quanto quiser.
Classificação etária: 14 anos
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